O poder aquisitivo do cidadão médio permite obter mais informação da sua TV desde que ele tenha uma assinatura de serviço por cabo ou satélite. Mas ao observar a natureza das informações disponíveis em um e outro serviço, público e pago, pode-se constatar uma diferença que transcende o aspecto capitalista do assunto – torna-se político, pois aos assinantes de TV paga é oferecida mais pluralidade de opiniões e os programas jornalísticos oferecem crítica mais ampla, não hipocritamente isenta como o trabalho dos jornais da TV pública, que praticam uma isenção que na verdade é uma crítica de um lado só.
Um caso: o Jornal Nacional, TV Globo – sinal aberto – fala sobre a proposta de reforma tributária apresentada pelo ministro Mantega e o destaque é dado pelos vários depoimentos de parlamentares da oposição duvidando da efetividade da reforma; outro caso: o programa Conta Corrente, jornalístico econômico do canal fechado Globo News, apresentando opinião de vários especialistas e economistas, mostrando que a reforma é um grande avanço, uma oportunidade que não pode ser perdida, que pontos como a desoneração poderiam ser melhorados, mas encontram resistência forte por parte dos governadores (quase todos de oposição) etc., ou seja, uma pluralidade de opiniões.
Agora temos o quadro pintado, quem pode pagar, tem informação e opiniões, o que permite tirar suas próprias conclusões (ótimo para a democracia); os que não podem pagar, têm informação direcionada, o que é ruim para todo mundo. Como poucas pessoas podem pagar, pouco se poderá esperar dessa democracia.
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Jornalista, Belo Horizonte, MG