É lamentável e preocupante que o recurso de ameaçar jornalistas cumpridores de seu dever ao noticiar corrupção policial surja agora no Paraná, conforme matéria da Folha de S. Paulo de quarta-feira (19/12): "Repórter do PR deixará o país após ser ameaçado". O jornalista ameaçado é Mauri König. Trabalha na Gazeta do Povo, de Curitiba.
Notícia dada dias após a volta ao Brasil de André Caramante, da Folha, que se exilou após sofrer ameaças de supostos admiradores do vereador eleito (PSDB de São Paulo) Paulo Telhada, ex-comandante da Rota, batalhão de choque da PM paulista.
Um balanço das ameaças e violências contra jornalistas indica que as autoridades judiciárias e o Ministério Público não apuram esses casos, não identificam os autores e não os punem, o que facilita a vida de bandidos acobertados pela lei. Os próprios jornais cujos profissionais são vitimados não tomam a defesa de seus profissionais.
Essa é uma das evidências da fragilidade do estado de direito no Brasil, mas desde que o jogo político prossiga de acordo com as regras tradicionais pouca gente parece se importar com isso. Se a chamada sociedade civil organizada não botar a boca no trombone, as autoridades não se mexerão, pois estão comprometidas com o statu quo. E como.