Jornalistas do Daily Mirror envolvidos com o escândalo das fotos de abuso que se revelaram falsas, podem ser intimados por executivos do tablóide a revelar os nomes dos soldados que lhe venderam as fotos forjadas.
O jornal não quis comentar, mas alguns depoimentos atestam que a administração do Mirror irá ‘cooperar totalmente’ com o inquérito do Ministério da Defesa. ‘Se por um lado estamos comprometidos como jornalistas a proteger nossas fontes, isso não se estende a pessoas que agiram de maneira fraudulenta em troca de dinheiro’. Alguns repórteres não gostaram da prontidão da administração em abandonar o princípio jornalístico de confidencialidade das fontes.
Segundo Harvey McGavin [The Independent, 17/5/04], apenas três pessoas no jornal sabem a identidade dos soldados envolvidos na fraude.
Soldados presos
A polícia militar britânica deteve, no dia 18/5, alguns dos soldados com conexões com a fotografia falsa de soldados supostamente torturando prisioneiros iraquianos. Até quatro soldados serão interrogados.
O Daily Mirror negou que tenha dado os nomes dos envolvidos a autoridades militares. Uma fonte do Mirror disse que dali ‘não saiu nenhuma informação’. Apesar disso, a pressão sobre o jornal tem sido grande para que revele suas fontes, desde que a fraude foi confirmada.
De acordo com reportagem de Steven Morris, Matt Wells e Colin Blackstock [The Guardian, 19/5], o editor interino Des Kelly disse que resistiria a tentativas de forçá-lo a dar os nomes. Vários repórteres do tablóide também deixaram claro sua oposição, dizendo que têm o dever de confidencialidade para com suas fontes. Para dar voz ao coro, o Sindicato Nacional de Jornalistas reiterou que as identidades devem ser protegidas.