‘A News Corp, uma das controladoras da Sky, divulgou comunicado na 6a feira para ‘corrigir inexatidoes’ da midia com relaçao a Directv latino americana. Refere ‘declaraçoes feitas por Gustavo Cisneros, um acionista minoritário da Directv Latin America, em relaçao a possível combinaçao das plataformas da Directv e Sky na América Latina, inclusive no Brasil’. Segue – ‘Até o momento, nenhuma negociaçao ocorreu’. Esclarece – ‘No futuro, se a News Corp, a Hughes, a Globopar e a Liberty concordarem em unir as operaçoes da Sky Brasil e da Galaxy Brasil, as comunicaçoes apropriadas e específicas serao feitas as autoridades brasileiras, em total conformidade com a lei’. O anuncio falso foi feito por Cisneros na ultima 4a, durante conferência na escola de negócios Iese, de Barcelona, na Espanha, segundo noticia da agencia Efe.’
Gerusa Marques, Theo Saad e Renato Cruz
‘Sky e DirecTV unem-se no continente’, copyright O Estado de S. Paulo, 26/02/04
‘O empresário venezuelano Gustavo Cisneros, maior acionista da DirecTV Latin America, anunciou ontem, em Barcelona, um acordo com Rubert Murdoch, dono da Sky, para unir as duas empresas de TV por assinatura via satélite na América Latina. ‘Apesar disso, não sabemos o nome que terá a nova plataforma’, explicou Cisneros. ‘Eu gosto mais do nome DirecTV e eles mais de Sky, mas o acordo está fechado.’
No Brasil, as duas empresas preferiram não comentar o assunto. A Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) informou que continua analisando o processo de fusão entre a DirecTV e a Sky. O processo foi encaminhado à agência no ano passado. A fusão deve ser analisada sob os aspectos do controle acionário, a cargo da Anatel, e da competição. Neste último caso, cabe à Anatel instruir o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
O Cade também analisa o assunto desde 5 de maio do ano passado, quando o negócio foi anunciado nos EUA. O processo está com o relator Thompson Almeida Andrade. Ele pode decidir que a fusão na América Latina é a mesma dos EUA, por envolver as mesmas empresas, e continuar o processo de onde está, apenas solicitando mais informações à Sky e DirecTV. Ou pode decidir que são operações diferentes, e esperar uma nova notificação das partes ao Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência. A segunda opção é mais demorada. Ontem, ele não quis falar sobre o assunto.
De acordo a Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA), havia 3,509 milhões de clientes de TV por assinatura em setembro do ano passado.
Do total, 33% eram atendidos via satélite, mercado que seria dominado pela nova empresa.
Os efeitos no mercado preocupam os concorrentes, que temem monopólio de programação. No ano passado, a associação NeoTV entrou com pedido cautelar no Cade para impedir que, durante a análise da fusão, fosse assinado qualquer contrato de exclusividade de programação. A NeoTV também pediu que o conteúdo produzido pelas programadoras – principalmente aquelas ligadas à News Corp., de Murdoch – seja oferecido ao mercado em condições normais de concorrência, para qualquer operadora.
‘A fusão cria um grupo com poder de fogo muito grande na negociação de conteúdo’, afirma Neusa Risette, diretora-geral da NeoTV. A Globo, dona da Net, tem participação na Sky. A compra de programação da Net e da Sky é negociada em bloco pela Net Brasil, que pertence à Globo. (com France Presse)’
Renato Cruz
‘Para Tecsat, união de Sky e DirecTV cria ‘monopólio’’, copyright O Estado de S. Paulo, 27/02/04
‘A brasileira TecSat – única concorrente da Sky e da DirecTV no serviço de TV paga via satélite no País – alerta que a fusão entre as duas empresas, anunciada na quarta-feira, criaria uma situação de monopólio em televisão por assinatura em mais de 5 mil municípios brasileiros que não têm operadoras de cabo ou microondas (MMDS, na sigla em inglês). ‘Se a união das empresas for aprovada, é preciso impor muitas restrições’, afirma o diretor de Marketing e Novos Negócios da Tecsat, Paulo Roberto de Castro.
A Sky e a DirecTV têm hoje 95% do mercado de TV por assinatura via satélite.
O restante, que equivale a cerca de 50 mil assinantes, pertence à Tecsat.
Castro afirma que sua empresa já foi prejudicada pelo poder excessivo de mercado das concorrentes.
Em 1999, a DirecTV assinou um acordo de exclusividade no satélite para os sete canais distribuídos pela HBO, que deixaram de ser distribuídos pela Tecsat. ‘Por causa disso, perdemos mais de 20 mil clientes’, diz Castro. ‘O acordo afetou a capacidade econômica do grupo e inibiu seu crescimento.
Éramos para estar com 400 mil ou 500 mil assinantes, não fosse a exclusividade de conteúdo.’
A Tecsat fabrica seu próprio kit de decodificador e antena e produz parte de sua programação. ‘Somos um grupo 100% nacional, que gera conteúdo e tecnologia’, diz o diretor. Uma das empresas do grupo, a Tectelcom, está em concordata. Segundo Castro, a situação reflete, em parte, as práticas anticompetitivas dos concorrentes.
Em janeiro, a Tecsat entrou com medida cautelar no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), pedindo que as empresas sejam mantidas separadas até que saia a decisão final. ‘A situação é bastante grave’, afirma John McNaughton, advogado da Tecsat. Ele prepara uma nova representação contra as duas empresas, que será apresentada ao Cade, sobre os efeitos da exclusividade de conteúdo na competição.’
Lino Rodrigues
‘O rei da antena’, copyright IstoÉ, 28/02/04
‘O magnata australiano Rupert Murdoch deu um passo definitivo para obter o controle quase total do mercado latino-americano de tevê por assinatura via satélite. A fusão entre a DirecTV e a sua concorrente Sky – anunciada na quarta-feira 25 pelo empresário venezuelano Gustavo Cisneros, dono de 20% da DirecTV Latin America – criará um novo gigante na área, com 3,2 milhões de assinantes, mais de 90% do mercado total de televisão via satélite na América Latina. O nome da nova companhia ainda não foi definido.
No Brasil, Murdoch e o grupo Cisneros, conhecido dos brasileiros pela participação no provedor de acesso à internet America Online, terão ainda que vencer algumas barreiras legais no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) e na Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). O negócio, se concretizado, deverá ter o aval dos dois órgãos, já que formará um quase monopólio com 95% dos assinantes brasileiros de tevê por satélite e mais de 30% do mercado total, estimado em 3,5 milhões de clientes (aí incluídas as transmissões a cabo e MMDS).
Esta é a segunda vez que se fala em fusão das operações na América Latina. Em maio do ano passado, quando a News Corp, que controla a Sky, comprou 34% da Hughes Electronics, da General Motors, Murdoch passou a controlar também a DirecTV. A operação de fusão nos Estados Unidos foi aprovada sem problemas pelas autoridades americanas no final de 2003. Na época, o negócio também passou a ser analisado pelo Cade e pela Anatel, que ainda não se manifestaram. Segundo informações da assessoria, o Cade ainda aguarda um parecer técnico da Anatel para levar o processo a julgamento. O curioso é que o relator do processo é Thompson Andrade, o mesmo que invalidou a compra da Chocolates Garoto pela Nestlé.
Independentemente do julgamento da fusão das duas operadoras, o Cade também está analisando um pedido de medida cautelar da Associação Neo TV, que exige o fim da exclusividade de programação (canais) entre as operadoras. ‘A fusão forma um gigante que terá todos os poderes para negociar o que quiser em termos de programação’, alerta Neusa Risette, presidente da Neo TV, entidade que reúne 50 empresas, com 126 operações em 319 cidades do País, todas fora do sistema Net da Globo. A expectativa de Neusa é de que Murdoch repita aqui a postura adotada no mercado americano: logo após a compra da Hughes, ele se comprometeu a acabar com a exclusividade de programação. Para quem conhece o apetite de Murdoch, contar com isso é, no mínimo, ingenuidade.’