Em sua primeira contribuição como colunista do New York Times, o veterano jornalista de televisão Ted Koppel declara que não há como negar que a indústria em que passou toda sua vida adulta ‘está em declínio e agonia’. Em uma conclusão no mínimo controversa, Koppel sugere que os telejornais e outros programas jornalísticos deveriam parar de buscar a atenção do ‘desinteressado segmento mais jovem’ e focar em telespectadores mais velhos, estes sim ‘interessados em notícias sérias’.
Ele afirma que o objetivo das emissoras comerciais tradicionais é ‘identificar os segmentos do público mais desejados pelos anunciantes publicitários e servir a este público’. Enquanto esta prática pode se adequar perfeitamente a programas de entretenimento, não funciona tão bem para jornalísticos. Koppel afirma que os programas de notícias são moldados, hoje em dia, para conquistar telespectadores na faixa dos 18 aos 34 anos, que, segundo ele, teriam ‘morte cerebral parcial’ – mas sensibilidade suficiente, entretanto, para reagir aos estímulos de consumo dos anúncios publicitários.
O ex-âncora da ABC critica o que chama de ‘nova subjetividade controlada’ e ‘empatia forçada’ das emissoras de notícias a cabo. ‘A acusação de que a televisão tem um objetivo político não é certeira. Hoje, o principal objetivo é dar às pessoas o que elas querem. Não é o partidarismo, mas o lucro, que molda o que você assiste’. Koppel critica esta prática. Para ele, os jornalistas ‘deveriam dizer aos telespectadores o que é importante, e não o contrário’. ‘Mais particularmente nos canais a cabo, esta subjetividade calculada tem substituído o tradicional objetivo de reportar com isenção. Mas isto tem menos a ver com partidarismo político do que com simplesmente capitalismo’, acusa o veterano, nem um pouco feliz, ao que parece, com o jornalismo televisivo atual. Informações da Editor & Publisher [29/1/06].