São usados equivocadamente na mídia brasileira:
Apuração rigorosa. Nem vale a pena dizer por que a expressão, no Brasil, é um despautério.
“Imbróglio”. Não faz sentido colocar acento tônico português em palavra italiana. Se é para aportuguesar, escreva-se imbrólio, como recomenda Domingos Paschoal Cegalla em seu utilíssimo Dicionário de Dificuldades da Língua Portuguesa. Se é para manter o vocábulo na língua original, imbroglio. Esse equívoco surgiu com a primeira edição do Dicionário Aurélio, nos anos 1970, e se repete desde então em todos os dicionários. E mesmo no Vocabulário Ortográfico da Academia, que apresenta assim o vocábulo: “imbróglio (lh) s.m.”, transformando encontro consonantal (gl, como em glutão, glândula) em dígrafo (lh, como em baralho, alheio).
Neste princípio de século. Processos sociais, políticos ou econômicos importantes não têm relação com o calendário gregoriano, com a era cristã ou com qualquer outra marcação temporal definida pelas rotações da terra em torno de seu próprio eixo ou em torno do sol. Quando se diz “neste princípio de século”, ou expressão equivalente, dá-se a impressão de que alguns fenômenos ou tendências estavam no vestiário e entraram em campo depois que alguém gritou lá para dentro: “Começou um novo século!”
Nova classe média. Ou classe C (de “Consumidores”?). Não é classe. É uma lebre criada por especialistas em marketing (no sentido amplo do termo). Talvez fosse melhor falar em “nova classe mídia”. São brasileiros que passaram a ganhar mais e se beneficiam com a ampliação do crédito ao consumidor. Não perder de vista que essa “nova classe média” é “manna” (tende a votar em Russomannos).
Todas as hipóteses. Quando uma autoridade policial declara que “todas as hipóteses” são admitidas numa investigação, de duas, uma: não deseja admitir que já tem uma suspeita forte, principalmente se ela não agrada aos superiores; ou não tem a menor ideia do que aconteceu.
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Nanodicionário de termos e expressões indevidos, v. 1 — M.M.