São usados equivocadamente na mídia brasileira:
>> Marcados para morrer. “PMs marcados para morrer” é uma linguagem que aceita a retórica de bandidos. Dá aos homicídios um ar de predestinação, de sentença inescapável, quase sobre-humana. Alimenta um clima teatral. É sensacionalismo. Barato.
>> Não toleram desvios de conduta. Chavão comum no declaratório de oficiais das polícias militares. Por uma questão de precisão, a mídia jornalística deveria escrever sempre: “Não toleram desvios de conduta que cheguem ao conhecimento do público”. Alguém acredita que chefias literalmente não tolerem desvios de conduta? É como dizia aquele amigo a respeito da possibilidade de um de seus filhos ser flagrado colando numa prova: Além de levar zero, vai apanhar. Não por ter colado, mas por não ter sabido fazer a coisa direito.
>> “Cujo o”. (Estadão, 24/11; citando nota do presidente do PSDB, Sérgio Guerra.) O erro está na nota (vide site do PSDB), mas o Valor, por exemplo, deu em português: “cujo resultado”. Nos casos em que há solecismo e se quer reproduzir literalmente o que foi dito ou escrito (em geral para tripudiar; por isso é sempre melhor fazer a necessária correção, e pronto), nesses casos o jornal ou revista fica na obrigação de sinalizar que tem consciência da batatada, pospondo ao trecho citado um “sic” entre parênteses. O problema é quando o redator desconhece que a frase foge à norma culta da língua. Simetricamente, muito redator não tem abertura mental nem cabedal para saber que formas alheias ao seu repertório são recebidas sem qualquer atrito no português castiço.
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Nanodicionário de termos e expressões indevidos, v. 1