Friday, 22 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

O caso do marqueteiro que precisará de marqueteiros

Qualquer que seja a sorte dos clientes de Duda Mendonça no segundo turno das eleições municipais, uma coisa é certa: doravante, os "magos" do marketing político vão mudar de estilo. Mais do que isso: vão sumir, engolir as vaidades e tornar-se invisíveis.


Duda Mendonça foi vitimado pela ânsia de aparecer. Não contente em ser bem-sucedido, queria ser visto como bem-sucedido. Não tinha contas a prestar, era o bamba do pedaço.


Junto com a discrição profissional esqueceu o princípio elementar do código dos doutores de imagem: eles não devem ter imagem, não existem, não têm cara, trabalham na sombra.


É evidente que a mídia supervalorizou o episódio em que o super-marqueteiro-quase-ministro foi preso quando assistia à uma briga de galos numa rinha na periferia do Rio. Se fosse outro o infrator a notícia não ultrapassaria as páginas de polícia.


Serviço relevante


Também é evidente que a supervalorização do episódio tem a ver com a própria reação do infrator assumindo-se como cidadão acima da lei. O todo-poderoso não resistiu à tentação de se mostrar como todo-poderoso. Só faltou enfrentar os policiais com o famoso "sabe com quem está falando?!".


Um dos maiores desastres em matéria de comunicação pessoal protagonizado por um dos mais bem pagos profissionais de comunicação pessoal deverá ter profundas implicações no próprio negócio do marketing político.


Partidos e candidatos agora vão preferir marqueteiros que não fazem marketing pessoal. No lugar das estrelas, os anônimos. E os anônimos esmeram-se, não confiam nos truques.


Duda Mendonça acaba de prestar um enorme serviço ao processo político brasileiro: com marqueteiros mais recatados e prudentes pode-se esperar eleições com menos espetáculo e mais debate.