** Se Rupert Murdoch ainda tem disposição para ler jornais e quer inteirar-se do que está acontecendo neste momento conviria que mergulhasse na tenebrosa cobertura do massacre de Oslo perpetrado pelo extremista de direita, Anders Behring Breivik. Se Murdoch não se comover com esta tragédia é porque a cloaca jornalística em que andou metido nas últimas décadas obliterou totalmente os seus sentidos e a sua condição humana. Mas se conseguir entender a doutrina ideológica defendida pelo monstro, Murdoch será obrigado a reconhecer que ele é o inspirador da matança.
O sangrento ataque ao acampamento dos jovens social-democratas noruegueses não difere muitos da perversa campanha da Fox News contra o “socialista” Barack Obama. A chacina em Tucson, Arizona, em janeiro deste ano, contra a deputada democrata Gabrielle Giffords, que matou seis pessoas, foi autorizado pelo Tea Party, a mesma tropa de choque da extrema direita americana que Murdoch tanto admira e ajuda.
Murdoch precisa voltar a ler jornais sérios mesmo que seja levado a concluir é a alma gêmea do dr. Goebbels, maior fabricante de mentiras e ódios que o mundo já conheceu.
** A mídia brasileira só conseguiu identificar na morte da cantora Amy Winehouse a “maldição da morte aos 27 anos”. Deveria reparar em maldição ainda mais letal no mundo do show-biz: o abuso de drogas, álcool, transgressões e escândalos. O caminho do sucesso não passa obrigatoriamente pelo desregramento pessoal, o verdadeiro talento artístico pede outros tipos de reforço e estímulo. A morte de Amy Winehouse teve o mesmo destaque das 93 mortes no massacre de Oslo. Esta, sim, é uma maldição cultural que afetará a vida e as mentes das próximas gerações.
** Oinferno astral da Fifa parece não ter fim. Na mídia, um novo capítulo desta trama movida a denúncias de corrupção. O cartola do Catar, Mohamad Bin Hammam, foi banido do futebol. Candidato de oposição a Joseph Blatter na última eleição para a presidência da entidade máxima do velho esporte bretão, ele é acusado de compra de votos. A punição, porém, se deu antes do final das investigações. Filme de mafioso, perde. (Rafael Casé)