O ombudsman da Folha de S. Paulo, Marcelo Beraba, aproveitou a sua coluna dominical de 30/5 para analisar como o jornal vem cobrindo o cenário político nacional e paulistano.
Muitos leitores, contou Beraba, afirmam que a Folha têm sido mais severa do que deveria com o governo Lula, criticado em demasia a prefeita Marta Suplicy (PT), candidata à reeleição na capital, e sido complacente com o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e com o pré-candidato tucano à prefeitura, ex-ministro José Serra.
Beraba escreve uma coluna bastante ponderada: concorda com alguns leitores, discorda de outros, e ao final revela uma pesquisa que atesta a postura favorável da Folha a Serra, pelo no que toca o noticiário considerado ‘pré-eleitoral’.
O ombudsman, no entanto, se esqueceu de mencionar um detalhe (ou achou que o fato não tivesse relevância): no começo deste ano, José Serra virou colunista da Folha, onde tem escrito semanalmente, sempre às segundas-feiras, verdadeiros manifestos anti-petistas. Serra já assumiu a pré-candidatura e o jornal não se sentiu desconfortável: a coluna prossegue, para a perplexidade de quem apostava em um mínimo de equilíbrio e sensatez por parte do jornal.
Talvez fosse mais honesto para a Folha fazer o que fazem os jornais norte-americanos e europeus, como o New York Times, por exemplo: assumir, em editorial, que apóia determinadas candidaturas. Se o diário paulistano deixar claro que seu candidato é mesmo José Serra, o leitor pelo menos fica avisado sobre o peixe que está comprando. De outra forma, vai acreditar em uma imparcialidade que até mesmo o ombudsman do jornal, sem no entanto ir ao âmago da questão, atesta que não existe.