Na semana passada, em artigo sobre a cobertura da revista Veja no Caso Daslu (‘Os ricos também sofrem‘), este observador escreveu o seguinte:
‘No mais, a única coisa que ninguém vai achar nas páginas de Veja em matérias sobre a Daslu é uma explicação, breve que fosse, sobre o que seria possível ao governo fazer com o valor sonegado pela boutique – quantas moradias, cestas básicas, ligações de água e esgoto ou qualquer outra medida comparativa. Claro, o dinheiro extra que foi para o caixa da empresa deve ter garantido o emprego de alguns, mas em detrimento da carência de muitos. Já dizia Chico Buarque em uma antiga canção: `A dor da gente não sai no jornal´. Na Veja então, nem pensar…’
Na edição desta semana (nº 2107, com data de capa de 8 de abril), porém, eis que o semanário de maior circulação do país resolveu surpreender seus críticos: ‘Sonegar é roubar’ é o título da reportagem que traz uma foto da dona da Daslu e o quadrinho ao lado.
Este observador reconhece e aplaude: a matéria de Veja é boa, incisiva, condena com veemência a idéia tão difundida de que ‘a sonegação não é um mal tão grande – inclusive porque parte do dinheiro dos impostos vai mesmo para o bolso dos corruptos’, nas palavras do próprio semanário.
A revista da Abril também se revela agora muito mais dura com Eliana Tranchesi do que na reportagem de capa da semana anterior: ‘É preciso punir com cana dura a dona da Daslu e seus cúmplices, se o Brasil quiser figurar no rol das nações civilizadas’, diz a matéria, assinada por Laura Diniz.
Veja desta vez mandou bem, não há na reportagem nenhum recurso para o leitor ficar com pena da dona da Daslu, como havia na matéria da edição anterior, que mereceu a crítica publicada aqui. Agora, como diria Chacrinha, é a vez de reconhecer: ‘Palmas para a Veja que ela merece…’
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Blog do autor: Entrelinhas – Mídia e Política