Embora os jornais tenham perdido público nos últimos anos, a imprensa americana tem motivos para comemorar: ela tem pelo menos – e para surpresa geral – um leitor fiel. Trata-se de ninguém menos que o presidente George W. Bush, afirma Katharine Q. Seelye em artigo bem-humorado no New York Times [25/12/06].
Em 2003, o presidente declarou que não lia jornais, mas, em sua última coletiva do ano, realizada na semana passada, ele mencionou por acaso que havia lido algo no jornal naquele dia. Quando perguntado sobre o fato do vice-presidente Dick Cheney ser chamado para testemunhar no caso do vazamento da identidade da agente da CIA Valerie Plame, o presidente afirmou que leu sobre o caso no jornal aquele dia, e que se tratava de uma informação interessante.
Tal declaração contrastou com a dada em 2003, quando Bush declarou ao jornalista Brit Hume, da Fox News, que ‘passava os olhos’ nas manchetes, mas ‘raramente lia as matérias’, porque, segundo ele, elas misturavam fatos com opiniões. O presidente teria afirmado que preferia obter informações de ‘fontes objetivas’, como ‘pessoas de sua equipe’ que lhe contam ‘o que acontece no mundo’.
Pegou mal
Diante das críticas à declaração, Bush teria, no ano passado, tentado corrigir a impressão de mal-informado e alienado. Em entrevista com o jornalista Brian Williams, ele afirmou que, sim, tinha contato com a imprensa. ‘Eu vejo muitos noticiários, e toda manhã olho os jornais. Não posso dizer que leio todas as matérias, mas eu definitivamente sei o que está nos jornais’, disse o presidente. Em abril deste ano, ele reforçou esta idéia, mas sugeriu que os jornais tinham pouca influência sobre o que ele pensava.
Na semana passada, foi a vez da primeira-dama declarar que ela e o marido lêem jornais há anos. ‘Fazemos isto desde que nos casamos. Acordamos, bebemos café e lemos o jornal’, revelou Laura. O secretário de imprensa da Casa Branca, Tony Snow, também garantiu que o presidente lê jornais, mas não soube informar quais são os diários de sua preferência.