No noticiário de televisão e internet de quarta-feira (9/11), passou como natural a estranha lógica de que um ministro não deve ser responsabilizado se não tiver envolvimento direto em falcatruas de seus auxiliares, formulada pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel.
O ministro é o responsável maior pelo que acontece na organização que dirige.
A Constituição, artigo 87, parágrafo único, inciso I, lhe atribui…
“…exercer a orientação, coordenação e supervisão dos órgãos e entidades da administração federal na área de sua competência [….].”
E a presidente é a responsável maior pelo que acontece em seu governo, conforme o artigo 84:
“Compete privativamente ao presidente da República:
[….]
II – exercer, com o auxílio dos ministros de Estado, a direção superior da administração federal.”
Não foi por outra razão que tantos lamentaram a leniência com que o então presidente Lula tratou escândalos em que se envolveram auxiliares seus. No caso do mensalão, Lula disse que “não sabia” e que foi “traído”. Em outro caso célebre, fulminou companheiros “aloprados”. Mais tarde, diria que o mensalão não existiu, foi invenção da imprensa.
Durante a campanha eleitoral, Dilma Rousseff endossou esse discurso escapista. Mas desde o dia do segundo turno da eleição, quando foi proclamada vitoriosa, fez questão de defender a importância do trabalho de uma imprensa livre e independente. Sabe que não dispõe do carisma de Lula para confrontar aquilo que se conhece vulgarmente como opinião pública. Sua imagem não sofre danos ao assumir suas responsabilidades. Ao contrário, beneficia-se com isso.