A Folha de S.Paulo comunicou no domingo (11/7, pág. A-12) que a senadora Marina Silva deixa a coluna da Página Dois das segundas-feiras que ocupa desde junho de 2008. O seu substituto, a partir do dia seguinte (segunda, 12/7), passou a ser o empresário Roberto Young, cuja pauta será a mesma da senadora – desenvolvimento sustentável, economia verde, ética e transparência, educação.
Aparentemente, uma rotina: o jornalão geralmente não gosta de oferecer palanque para candidatos a cargos eletivos, nem ocupantes de altas funções públicas. Está certo.
Acontece que, segundo a notícia, Marina deixa a coluna porque é candidata do PV à presidência da República. Mas o seu substituto também é candidato, pelo mesmo PV, a uma vaga no Senado. Candidata à presidência não pode escrever na Folha, mas candidato ao Senado, pode ? Neste caso, por que não se oferece uma coluna à candidata ao Senado pelo PPS Soninha Francine ou à do PT, Marta Suplicy?
E por que razão tiraram de Fernando Gabeira a sua coluna na mesma Página Dois – apenas por que é candidato ao governo do estado do Rio pelo mesmo PV? Neste caso, qual a justificativa para abrigar há tantos anos, e ao longo de tantas eleições, o chatíssimo solilóquio do vice-rei do Brasil, José Sarney?
Como o ex-técnico Dunga, a Folha também busca coerência. Ao contrário dele, é bem intencionada, mas tem algo do eterna adolescente, boy-scout: prega a transparência, tenta ser transparente, perde um tempão elaborando uma complicada legislação doméstica para justificar suas preferências/idiossincrasias e acaba oferecendo à legião de admiradores um labirinto bizantino.