Num dia, o deputado Roberto Jefferson tem 52 gravações; no dia seguinte, o deputado Roberto Jefferson não tem gravação nenhuma. Em nenhum dos dois dias (ou em qualquer outro) há matérias de investigação a respeito do que o deputado pode ter em mãos. A imprensa – aliás, a excelente Renato Lo Prete, da Folha de S.Paulo – marcou um golaço com a entrevista exclusiva de Roberto Jefferson, que deflagrou a crise. Depois, todo mundo se contentou com declarações.
E como apurar as informações que Jefferson pode ter, se ele está recluso em seu apartamento, protegido pela segurança da Câmara dos Deputados? Simples, embora trabalhoso. Primeiro, buscar, com os governistas que se mostram preocupados com as denúncias, os motivos de sua preocupação. Segundo, pesquisar, nas bancadas que estariam recebendo mesada, as divergências pessoais e políticas que poderiam fazer com que um parlamentar revelasse as fraquezas de algum colega.
A propósito, cadê a lista dos integrantes das bancadas? Nada de acusações, que ainda falta muito para prová-las: apenas os nomes dos parlamentares que integram as bancadas apontadas por Jefferson.
Há parlamentares muito ricos, gente com fortuna de família. Mas quem não for rico terá de viver com certa parcimônia, já que o salário, mesmo engordado por todas as mordomias, é escasso para manter residências em Brasília e nos estados. Não estará alguém, visivelmente, gastando mais do que poderia?
Dá trabalho, sim. Mas, como diria o Octávio Frias, Sua Excelência, o Leitor, merece.
É o mano
Não acredite na notícia de que o Departamento de Engenharia da Infraero é do deputado Roberto Jefferson. É do PTB, sim, mas não de Jefferson. É controlado por um parlamentar conhecidíssimo, que indicou o próprio irmão, aposentado, famoso pela capacidade que já demonstrou, de sua inteira confiança, para cuidar dos assuntos do departamento.
Paris, cadê a notícia?
Certamente foi uma lamentável falha de leitura deste colunista. Mas não achei em nossa imprensa a notícia da condenação pela Justiça parisiense do Le Monde, ícone do jornalismo francês, por anti-semitismo e difamação racial contra os judeus e Israel. A notícia não é secreta: foi publicada, por exemplo, no inglês The Guardian no sábado (4/6). Já se passou algum tempo – tempo suficiente para que nossa imprensa a percebesse. A condenação valeu pelo simbolismo; e o valor especificado como indenização (pago à organização Advogados Sem Fronteiras) também é simbólico: 1 euro. O Le Monde pode recorrer à Suprema Corte.
Robinho Barrichelo
Coisa de brasileiro: foi só a Seleção enfiar quatro gols no Paraguai (sendo dois de pênalti) que muita gente se embandeirou e passou a considerar o atual time ‘o melhor da história’. É difícil comparar um time com outro, de outra época; até a colocação em campo era diferente. Mas considerar que Robinho, Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Ronaldinho Gorducho são melhores que Zito, Didi, Pelé e Vavá é difícil; como é difícil dizer que são melhores que Gerson, Rivelino, Pelé e Tostão. Primeiro, porque a simples presença de Pelé desequilibra qualquer comparação; segundo, porque nem sempre os craques de clube vingam na Seleção. Uma boa partida de Robinho não é suficiente para equipará-lo a Pelé, ou Tostão – e a partida seguinte, contra a Argentina, mostrou exatamente isso.
Coração corintiano
Aliás, este colunista, corintiano como se deve, espera que o santista Milton Neves continue a chamar o jogador santista de ‘Robinho Arantes do Nascimento’. É bom para o Corinthians, o São Paulo e o Palmeiras.
É sim, é não, ou quem sabe, talvez
No mesmo dia, a Folha diz que Parreira muda a tática da Seleção e O Globo diz que Parreira não muda nada, não.
Ah, bom
Depois da avalanche de notícias sobre o novo endereço da Daslu, loja chique de departamentos agora localizada nas aprazíveis margens do Rio Pinheiros, uma avalanche de anúncios da Daslu nos grandes jornais paulistanos.
A propósito: vale a pena ler o comentário de Danuza Leão, uma brasileira chique, acostumada ao luxo parisiense, sobre a loja tão badalada pela imprensa.
Cuidado com a moda
Que hora mais esquisita para surgir a campanha ‘O bom exemplo – essa moda pega’! Já pensou se nossa população resolve seguir o exemplo de lá de cima?
Tadinharelli!
Jornalista fica sujeito a todo tipo de contratempos, não é mesmo? Veja o caso desta agência, que administra a carreira de Daniela Cicarelli: acabou aparecendo, numa coluna de internet, como ‘Caíco de Queiros Agência Assossiados’. Um pouco abaixo, no texto, o ‘Queiros’ se transforma em ‘Queiroz’. Mas o ‘Assossiados’, como çaiu uma vez çó, ficou acim mesmo, sem corressão.
Novo vírus
Este é fresquinho: você recebe, por e-mail, a informação de que uma compra que não fez está confirmada, e que o boleto bancário será enviado em seguida (o valor, todas as vezes em que este colunista recebeu o e-mail, oscilava entre 1.000 e 1.500 reais). Há um link para clicar, caso queira anular a compra. Não clique: é vírus. E ninguém se atreverá a mandar o boleto, para não ser identificado.
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Jornalista, diretor da Brickmann&Associados