A nota reproduzida abaixo saiu na revista Veja desta semana e revela o pensamento do tucanato paulista sobre um assunto que interessa bastante o público da TV Cultura. Pelo que se pode ler no resumo da carta enviada aos conselheiros da emissora por José Henrique Reis Lobo, secretário de Relações Institucionais do governo de São Paulo e presidente do PSDB paulistano, a idéia tucana do que deve ser uma televisão pública é, para dizer o mínimo, pouco convencional. Lobo reclama da baixa audiência da Cultura, acha que o dinheiro do contribuinte está sendo jogado no lixo e pede a ‘profissionalização’ da emissora.
Ora, televisão pública tem este caráter justamente para oferecer alternativas às emissoras comerciais. É evidente que audiência será menor, justamente pelo papel alternativo da programação. Cobrar ibope alto de televisão pública é mais do que uma contradição, é um despautério. Só imaginar o que seria da BBC inglesa nas mãos desse tipo de gestor já dá calafrios. No fundo, porém, a cartinha de Lobo é bastante útil para entender como opera a cabeça da elite do PSDB – o personagem em questão não é nenhum soldado raso do partido: mais um pouco ele leva a Luciana Gimenez para o horário nobre da TV Cultura. Ou vende logo a emissora, já que entende o traço na audiência como sinônimo de desperdício dos recursos públicos… Depois os tucanos ainda reclamam quando são qualificados de ‘privatistas’ ou coisa do gênero.
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Tem de ter audiência
Reproduzido de Veja (edição 2102, de 4/3/2009)
‘O conselho da TV Cultura, de São Paulo, tomou um tranco na semana passada. Um dos conselheiros, José Henrique Reis Lobo, enviou uma carta aos seus 46 colegas cobrando preocupação com a audiência da emissora, `próxima a zero´. `Não há nada de maior nonsense do que falar para auditório vazio ou editar um jornal para um público que não existe´, lembrou. Segundo Lobo, como ninguém assiste à Cultura, não se justifica que a emissora consuma anualmente 200 milhões de reais dos cofres públicos. No texto, Lobo faz ainda um apelo para a profissionalização da emissora.’