Na Folha de S. Paulo de quinta-feira (13/9), as políticas ditas de segurança pública de São Paulo e do Rio de Janeiro são abordadas na mesma página 2 pelos colunistas Rogério Gentile e Paula Cesarino Costa, respectivamente. O gancho são chacinas ocorridas nas duas principais regiões metropolitanas, uma executada pela Rota paulista, outra atribuída a traficantes da Baixada Fluminense.
Gentile usa linguagem e enfoque oficialistas: “policiais voltaram a ser alvo da ação covarde de criminosos”; “o governo Alckmin tem tratado o assunto com cautela e nega que esteja havendo um ataque organizado à polícia”. O parágrafo final condensa o acatamento da lógica das autoridades:
“Num momento assim, é necessário que o Estado reforce medidas preventivas de segurança, bem como aprofunde investigações para prender os criminosos. E segure a tropa, que, obviamente, tem de agir com vigor, mas no limite da legalidade.”
O trecho caberia perfeitamente num editorial da Folha ou do Estado de S. Paulo.
Cesarino Costa começa constatando que “a onda de assassinatos na Baixada Fluminense no fim de semana obrigou a Secretaria de Segurança a fazer uma operação emergencial numa região esquecida e que parece secundária na política atual.”
Comenta depois uma hipótese apresentada pelos moradores do bairro onde houve a chacina: traficantes teriam se mudado para essa região fronteiriça do município da capital após a instalação de Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) em favelas das zonas sul, norte e central do Rio de Janeiro.
Em dois parágrafos, a jornalista questiona o discurso oficial e esboça a explicação essencial:
“O caso traz à tona dúvida sobre a estratégia do secretário José Mariano Beltrame. Como combater a criminalidade no Estado? Haveria como formar número suficiente de policiais?”
“Pobre, feia e superpopulosa, a Baixada Fluminense é o retrato da desigualdade estadual. Social, econômica e política.”
Qual das duas abordagens contribui para uma reflexão lúcida do leitor a respeito dos problemas de criminalidade violenta?
Cartas para a redação.