No sábado, surpresa. O jornal O Globo exibe reportagem em que diz que o Jornal do Brasil será leiloado. A marca JB, escreveu Gilberto Scofield, enfrenta uma ação trabalhista no valor de R$ 120 mil e será vendida.
Surpresa tão grande quanto essa deveria vir, imagina-se, em destaque.
Estranhei, portanto, que a reportagem viesse no canto menos lido do jornal (página par, parte de baixo à direita, como me ensinou o professor Evandro Ouriques e depois a própria experiência e a pesquisa). E tem mais: não estava na versão online. Por quê?
O JB lançou nota de repúdio no domingo (8/2) <http://jbonline.terra.com.br/jb/papel/
brasil/2004/02/07/jorbra20040207003.html>, dizendo que o jornalista tentou difamar a marca. A quantia, dizem ainda, era de apenas R$ 40 mil, segundo o próprio escritório de advocacia.
Depois, contra-ataca: ‘Já em situação de notória insolvência econômico-financeira, aquele grupo enfrenta no momento um pedido de falência compulsória requerida na Corte Federal de Nova York por um dos seus muitos credores. Valor da ação em curso nos Estados Unidos: US$ 120 milhões.’
Na segunda-feira (9/2), violento editorial no JB, ‘Império em decomposição’ <http://www.jb.com.br/jb/papel/
editorialistas/2004/02/08/joredl20040208001.html>, resume a história do grupo Globo e encerra: ‘A frase cunhada nos anos 80 [‘o povo não é bobo, abaixo a Rede Globo’], por multidões de democratas brasileiros que se manifestavam nas ruas, parecia apenas um grito de indignação contra a arrogância e a mentira. Era muito mais que isso. Era uma profecia.’
E agora? Como saber qual conteúdo é real se os dois principais jornais do Rio de Janeiro estão diretamente envolvidos?
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(*) Editor do Consciência.net <www.consciencia.net>