A reportagem de capa da Veja desta semana apresenta um roteiro da chamada blindagem da economia brasileira. Em quatro das nove páginas da reportagem, um quadro apresenta os instrumentos que permitiam aos presidentes detonar as finanças públicas e outro quadro com as conquistas que reduziram o poder dos governos.
É curioso que a reportagem tenha ignorado o papel da própria mídia no processo. Apesar de derrapagens freqüentes e de uma reiterada incapacidade de promover uma articulação mais estruturada dos fatos políticos, a mídia foi uma ferramenta essencial para a sociedade exercer pressão latente ou aberta em defesa das conquistas institucionais, econômicas e administrativas. No único momento em que chega perto desse enunciado, a revista descreve, sob o título “Alarme da sociedade”, “a vigilância com que a opinião pública e os chamados agentes econômicos passaram a controlar os governos”.
O melhor das revoluções burguesas
E é difícil aceitar uma idéia contida na reportagem de capa da Veja. A de que os direitos econômicos conquistados pelo povo na Revolução Inglesa, e as garantias fundamentais dos cidadãos, fruto da Revolução Francesa, “parecem convergir no Brasil do começo do século XXI”. Mais uma vez, quem sabe, o mundo deveria se curvar perante o Brasil.