Um dos principais problemas para desenvolver novas fórmulas de cobertura jornalística no Brasil é a falta de informações sobre experiências nesta área. Seguramente há projetos em execução, conforme indicam algumas notícias que pipocam em blogs isolados, mas não há nenhum repositório de experiências e muito menos um ambiente onde os envolvidos possam trocar experiências.
Esta é tipicamente uma iniciativa em que a produção colaborativa é a ferramenta mais adequada, porque ninguém melhor do que os interessados diretos para expor seus objetivos e problemas tentando encontrar soluções baseadas na experiência de outros. Quanto mais diversificadas as experiências, maior a possibilidade de que uma delas venha a servir de inspiração para outros acharem a solução desejada para problemas pontuais.
A troca de informações é hoje a grande moeda que dispõem os novos aventureiros do jornalismo, uma categoria que não é formada apenas por jovens inexperientes e sonhadores. O projeto ProPublica, uma iniciativa de jornalismo sem fins lucrativos, é liderada por veteranos profissionais com mais de 40 anos de experiência e que já ocuparam cargos de direção em jornais da primeira linha, nos Estados Unidos.
Em janeiro, publiquei aqui no Código um post sobre jornalismo não lucrativo e as idéias existentes em torno do assunto, tanto nas redações como na academia, nos Estados Unidos. Na época, tentei encontrar referências nacionais sem grande sucesso, mas depois descobri que idéias existem, só que elas estão dispersas.
A busca de novas fórmulas de produzir informação é um desafio tanto para o público consumidor de notícias como para os jornalistas. É provável que não se chegue a uma resposta única e nem definitiva, por isso não resta outra alternativa senão a experimentação. Ela é a melhor ferramenta para reduzir a margem de erro por meio da socialização dos resultados, tanto os bons como os maus. Estes últimos geralmente são escondidos porque associados a fracassos.
Também é um fato reconhecido que os erros geralmente estão na origem dos grandes acertos. Mas para que isso aconteça é necessário que os supostos fracassos sejam expostos e discutidos, o que exige que eles sejam publicados para que aconteça a síntese.
O Código Aberto propõe a seus leitores este intercâmbio de experiências sem a preocupação de reunir apenas o que deu certo, porque a tendência geral é imitar o sucesso, achando que isso torna as coisas mais fáceis. Os erros nos levam a pensar e é aí que pode estar o início da troca de experiências que nos levará a desenvolver novas modalidades de jornalismo, sem as quais a informação pública corre o sério risco de ficar dependente apenas de interesses econômicos, políticos e religiosos.