Folha e Estado estão numa saudável competição para ver quem cobre melhor a crise internacional da hora – a do programa nuclear iraniano.
Desde a semana passada está em Teerã o repórter do Estadão para os grandes assuntos, Lourival Sant´Anna, acompanhado do fotógrafo Armando Favaro. Além de cobrir o Irã oficial, centrado na figura do seu presidente ultra-radical Mahmud Ahmadinejad, ele tem mandado matérias ilustrativas do clima local diante de um mais capítulo do longo confronto com os Estados Unidos, que data da chamada Revolução dos Turbantes, de 1979.
E a Folha, coisa rara na imprensa brasileira em questões do gênero, ofereceu ontem mercadoria de fabricação própria sobre os alegados preparativos americanos para uma intervenção no Irã.
O correspondente do jornal em Washington, Sérgio Dávila, entrevistou o diretor de um think-tank apresentado como ‘um dos braços acadêmicos dos chamados falcões da Casa Branca’, o Instituto para a Estratégia do Oriente Médio.
O entrevistado, Patrick Clawson, é tido como o principal arquiteto da desvairada idéia de bombardear as instalações nucleares iranianas para obter também uma ‘mudança de regime’ em Teerã.
A invasão do Iraque já deixou claro que o fato de uma idéia ser desvairada nunca impediu o bushismo de adotá-la.
‘Os Estados Unidos vão intervir militarmente no Irã, seja da maneira que for?’, perguntou Dávila a Clawson. Resposta:
‘Sim’.
A rigor, ele não pode dizer que os EUA ‘vão intervir’, porque não é governo. Mas, além de querer que intervenham, Clawson deve saber o que fala.
Prepare-se o leitor que se pretende bem informado para seguir de perto o noticiário a respeito. Com Bush de um lado e Ahmadinejad de outro, e tudo que os cerca, esperar o pior é ser apenas realista. Principalmente em Washington, mas também em Teerã, a construção da catástrofe segue a pleno vapor.
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