Está nas páginas políticas:
1. A adoção do voto em listas fechadas para deputados e vereadores subiu ao telhado. O assunto divide os partidos da base governista – e tudo que ali não se quer são temas que os desunam neste ano pré-eleitoral.
2. O deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) está passando o chapéu atrás de assinaturas ao seu projeto de lei que reduz de um ano para seis meses o prazo mínimo de filiação partidária de candidatos às eleições de 2010 – ou seja, de setembro deste ano a março do ano que vem.
3. O deputado Sandro Mabel (PR-GO) tem um projeto para prorrogar por dois anos o mandato do presidente Lula, para as eleições nacionais coincidirem com as municipais em 2012.
4. O deputado Jackson Barreto (PMDB-SE) diz que “tem um monte de gente” querendo assinar o seu projeto de emenda constitucional que autoriza o presidente Lula a disputar um terceiro mandato.
Não está nas páginas políticas nenhuma matéria que tenha apurado o que move os autores dessas iniciativas e os seus apoiadores. Políticos são homens que calculam. Jornalismo político que não dê conta das contas que eles fazem a cada passo que dão priva o leitor de uma informação sem a qual o registro de tais atos parece ininteligível.
Curiosamente, saiu nas páginas econômicas da Folha desta quinta-feira, 21 – na coluna do jornalista Vinicius Torres Freire – uma tentativa de dar sentido ao que ele chama “a nova política da crise econômica”, incluindo “Lula 3, referendo, extensão de mandatos, mudança de prazos de filiação partidária, recomposição de alianças e raras candidaturas alternativas”.
Outro esforço de interpretação está no artigo “Manobra do terceiro mandato cerca o bicho pelos sete lados”, do jornalista Milton Coelho da Graça, no Diário da Manhã, de Goiânia.
Ambos sustentam que o empresariado vê a re-reeleição com bons olhos – outro tema que o jornalismo político não aborda.
Torres Freire:
“Lula prossegue a reorganização da propriedade do grande capital iniciada sob FHC. FHC desatou o nó caquético da organização e da posse do capital, privatizando com o auxílio do Estado. Lula, o pós-moderno, financia com o Estado a reorganização da grande propriedade depois do período algo caótico da ‘abertura’ dos anos 90, formatando as empresas brasileiras para a era dos grandes oligopólios globais, fase 2, a dos países ditos emergentes. Não há, pois, oposição do ‘capital’.”
Milton Coelho:
“Os fortes setores empresariais empenhados no esquema político-econômico ‘Estado forte mas ao nosso lado e com paz social’, explicita ou implicitamente formulado pelo sr. Emílio Odebrecht e outros líderes industriais e financeiros, certamente apoiarão a proposta de Mabel [a da unificação das eleições em 2012]”.
Candidata de quem?
A propósito do que a coluna Painel da Folha chama “a equação de 2010”, mais de um jornal informa que, segundo pesquisas encomendadas tanto pelo PT como pela oposição, a eventual candidata presidencial, Dilma Rousseff, teria já alcançado a marca de 20% de intenções de voto.
Mas do ângulo da informação jornalística, chama a atenção que menos da metade dos entrevistados, de acordo com resultados preliminares, sabem que a ministra é a preferida pelo presidente Lula para ocupar a sua cadeira.
Depois que os seus problemas de saúde a fizeram aparecer ainda mais do que antes nos telejornais, acompanhada de declarações de Lula que isso em nada afetaria a sua possível candidatura, era de esperar que se contassem nos dedos os brasileiros que ainda ignoram quem o presidente Lula gostaria que o sucedesse. Foi o que este blogueiro escreveu quando o país ficou sabendo que ela havia extraído um tumor.
Pelo visto, está longe de ser assim. Vá saber por que.