Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A era do leitor começa a revolucionar a internet


Até agora os jornalistas e teóricos da comunicação eram as grandes estrelas da chamada Aldeia Global, criada pelo canadense Marshall MacLuhan, há quase 40 anos. Mas desde a virada do século, com o crescimento da internet, surgiu um novo protagonista que hoje passou a ser o centro de todas as atenções.


O público, o leitor, usuário, consumidor, cidadão, internauta, seja lá qual for o nome usado, é atualmente a referência obrigatória para todos aqueles que, de forma direta ou indireta, estão envolvidos com o universo da comunicação, na chamada Aldeia Virtual.


Para se ter uma idéia, quase todos os grandes projetos atuais na área da comunicação colocam o usuário no centro de todas as preocupações. A primeira idéia a ganhar corpo foi a do chamado software social, ou seja programas de computador desenvolvidos para recolher conteúdos produzidos por usuários ou processar contribuições na forma de votos, comentários, palpites ou referências com uso de hipertexto (links de referência).


O exemplo mais promissor do uso das tecnologias sociais é o Google, criado em 1999, e que tornou-se uma das maiores empresas do mundo, usando outros sites como referência para conseguir classificar os resultados de buscas com base na relevância. Os sites com maior número de referências, ou seja de links, ficam no alto da página com os resultados.


Depois veio a moda do jornalismo cidadão, onde pessoas comuns passam a coletar, processar e publicar notícias, concorrendo com os jornalistas profissionais. O primeira grande exemplo de sucesso desta nova modalidade de jornalismo foi o jornal sul coreano OhmyNews  que hoje tem invejáveis 30 milhões de leitores em todo mundo.


Quatro anos depois do surgimento do OhmyNews, aparece agora na Alemanha, a Edição dos Leitores (Readers Edition), uma experiência do jornal online NetZeitung (Jornal de Web) que vai ainda mais longe em matéria de envolvimento do público leitor na produção e publicação de notícias. Ao contrário do OhmyNews, o NetZeitung foi concebido para ser operado apenas por não profissionais.


Todas as notícias passam por um grupo de editores que evitam a publicação de matérias mentirosas, agressivas, difamatórias ou fora da política editorial. Só que no OhmyNews esta tarefa é feita por 40 jornalistas profissionais enquanto no NetZeitung o mesmo trabalho é feito por pessoas sem formação jornalística. Tudo indica que o jornal alemão vai sobreviver basicamente com a reprodução de material publicado em blogs.


Outra grande novidade em matéria de softwares sociais é o projeto CongressPedia através do qual pessoas comuns publicam informações sobre membros do congresso norte-americano. A iniciativa da Sunlight Foundation  provocou urticárias nos políticos porque o site tornou-se o grande ponto de encontro de eleitores interessados em patrulhar e cobrar desempenho de senadores e membros da Câmara de Representantes, no Capitólio, em Washington.


Pessoas comuns usam a CongressPedia como se fosse um jornal publicando notícias sobre os parlamentares norte-americanos. Para evitar abusos, o site tem um tutorial para orientar os interessados e explicar quais são as regras de publicação.


A incorporação do público na coleta e publicação de informações pode ser vista de diferentes maneiras. Por um lado é uma solução ultra econômica porque evita o pagamento de salários aos profissionais, mas em compensação reduz drasticamente o controle dos responsáveis pela publicação sobre a produção de conteúdos.