Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

A grande conversa sobre a observação da mídia


Quem esperava por resoluções saiu frustrado mas quem recolheu idéias voltou para casa com muito material para pensar e experimentar. Este poderia ser o saldo geral do Colóquio Latino-Americano sobre Observação da Midia, organizado pelo Observatório da Imprensa no início desta semana (de 11 a 13 de setembro), em São Paulo.


O objetivo era trocar idéias e experiências visando enfrentar os desafios que vem por aí na medida em que a observação da mídia está deixando de ser uma tarefa exclusivamente acadêmica ou uma estratégia de ativistas para se transformar numa ferramenta quotidiana a serviço do leitor e dos jornalistas.


Durante as conversas e depoimentos ficou bem claro que há problemas sérios a serem enfrentados como a questão da metodologia de trabalho dos observatórios e as consequências das transformações que a internet está provovocando nos hábitos informativos da sociedade contemporânea.


Por outro lado ganhou corpo a idéia de que observar, criticar e monitorar têm como corolário a preocupação em incidir, modificar e corrigir. O mesmo aconteceu com a constatação de que os observatórios, grupos de monitoramento e os ativistas da imprensa necessitam criar redes para trocar informações e conhecimentos.


A maratona de reuniões envolveu onze organizações latino-americanas e nove brasileiras que trabalham com observação e monitoramento da mídia mais dois palestrantes cuja preocupação principal foi gerar polêmica. O escritor,jornalista e professor norte-americano Dan Gillmor, bem como o antropólogo italiano Mauro Cerbino, coordenador da área de comunicação da FLACSO, trataram de provocar a platéia de aproximadamente 50 pessoas com idéias controvertidas, sobre crítica da midia na internet e a descontrução da narrativa jornalistica como uma das metodologias de observação da imprensa, respectivamente.


Para nós, do Observatório da Imprensa, ficou claro que o formato grande conversa ou conversatório, a expressão preferida dos hispano-americanos, é o mais adequado à conjuntura atual da observação da midia, porque todos nós estão experimentando e testando novas metodologias e estratégias de trabalho.


É muito dificil definir rapidamente o que é certo ou errado, o que é adequado ou inadequado aos propósitos de nossa atividade. Estamos num momento de transição onde não existe mais uma única maneira de ver as coisas, de identificar tendências e novas realidades.


Isto ficou muito claro na palestra de Dan Gillmor quando ele mostrou como a participação do público, usando ferramentas da internet, está embaralhando as nossas percepções e valores sobre recepção e reprodução de notícias. Cerbino por seu lado bateu na tecla de que a informação é hoje um produto extremadamente complexo e que precisa ser ‘desconstruido’ pelo leitor, sob pena dele ser enganado ou induzido ao erro.


Embora o evento não tenha tomado decisões, o Observatório da Imprensa vai manter o weblog que acompanhou toda a preparação do Colóquio e vai transformá-lo numa espécie de banco de dados com as intervenções dos participantes, documentos apresentados pelas organizações e também como um fórum de debate para os interessados em continuar o conversatório iniciado em São Paulo.


Todo o Colóquio foi gravado e o áudio será agora digitalizado para disponibilização pelo site do Observatório e no weblog do evento.