A internet está promovendo uma mudança no sentido da palavra socialização. Para quem tem mais de 40 anos, a expressão ainda está associada à estatização e centralização. Mas para quem nasceu depois dos anos 70, a mesma palavra está virando um sinônimo de compartilhamento de dados e informações, sem interferência governamental. A grande moda na Web atual são os projetos de socialização na coleta, processamento e distribuição de conteudos escritos, visuais e auditivos através de softwares onde todos são colaboradores e o sentido de propriedade individual está muito diluido. É o caso de programas como o Writely , o Del.icio.us e PutFWD, cuja principal característica comum é usar a troca de informações como base para o desenvolvimento acelerado de conhecimentos capazes de produzir resultados que beneficiam todos os seus usuáriuos. Outra característica da chamada Web social é o fato dos conteúdos já não serem mais arquivados no disco duro dos usuários mas sim em bancos de dados instalados nos servidores da empresa que oferece os serviços. Isto implica uma mudança radical nas nossas percepções porque deixamos de ser proprietários para sermos inquilinos em matéria de guarda da informação ou conhecimentos. O programa Writely, cujo potencial foi descoberto pelo Google antes mesmo de se transformar num sucesso comercial, simplesmente torna desnecessária a instalação de programas para edição de texto. O usuário não precisa mais se preocupar com a atualização do software nem com a sua legalização. Você entra na página do software e escreve o que quer ou transfere os arquivos desejados no espaço destinado. Cada documento não pode exceder a 500 K, o que dá para muito mais de 20 páginas, e o usuário pode arquivar quantos textos quizer. O Del.icio.us é ainda mais criativo, porque socializa as buscas dos internautas inscritos no programa. Posso ver o que meus amigos estão procurando na Web e compartilhar resultados, ampliando incrivelmente a nossa capacidade de localizar documentos. O PutFWD e o Fold oferecem o compartilhamento de informações arquivadas em bancos de dados e publicadas na Web. Todas as ferramentas citadas aqui são apenas uma parte do crescente universo de ferramentas de socialização da informação, composto via de regra por softwares gratuitos. A mesma tendência já chegou ao jornalismo através de páginas noticiosas como o controvertido projeto WikiNews , que tem uma versão em português e o Media Independente e sua versão brasileira . O jornalismo socializado ainda é uma idéia muito incipiente, embora os blogs estejam ampliando rapidamente as fronteiras que separam o privado do coletivo. Mas o fato concreto é que a multiplicação de softwares gratuitos de compartilhamento de informações e conhecimentos está alterando gradualmente as nossas percepções sobre a propriedade da informação. O crescimento da internet social vai transformar os computadores em meros instrumentos de acesso à web, minimizando a nossa necessidade de memória em discos duros, mas em compensação, aumentando a nossa dependência do acesso por banda larga. A propriedade individual começa a perder atrativos diante das vantagens oferecidas pelos softwares sociais, mas a socialização dos conteúdos informativos traz alguns riscos, sendo o principal deles a falta de controle das pessoas sobre as empresas que cedem espaço em bancos de dados, como é o caso do Google, o grande Big Brother dos tempos modernos. A dependência crescente de ferramentas sobre as quais não temos controle implica a necessidade de desenvolver antídotos como a vigilância e participação dos usuários. Isto vale tanto para os documentos que serão guardados num site como o do PutFWD como para as notícias publicadas na página Mídia Independente. Aos nossos leitores: Serão desconsiderados os comentários ofensivos, anônimos e os que contiverem endereços eletrônicos falsos.