Saturday, 23 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Aftosa: enquanto isso, do outro lado da fronteira, euforia e desmentido às medidas brasileiras

Como alternativa aos jornais brasileiros, que refletem no noticiário a desinformação das autoridades competentes sobre o avanço da aftosa no país, uma das soluções para se obter informação pode ser a consulta dos jornais dos vizinhos Argentina e Paraguai, o primeiro vilão a ser responsabilizado por criadores e pelo governo do Mato Grosso do Sul.

O ABC Color, de Assunção, a capital do país, traz hoje a reportagem, ‘Ao contrário do anunciado, não há movimento de tropas no Brasil’. A notícia traz duas novidades: a primeira, é de que o governo brasileiro desistiu de comprovar a culpa que atribuíra ao vizinho; a segunda, é que continua escancarada a porteira para a entrada de vírus, contrabando, armas etc. ‘Em toda a zona do estado do Paraná até Foz do Iguaçu não existe nenhum tipo de movimento de efetivos militares, de acordo com o que foi informado, no sábado passado, por porta-vozes do 34º Batalhão de Infantaria, que tem base em Foz’, diz o jornal.
(…) ‘A secretaria municipal de Agricultura da Cidade de Foz reforçou o efetivo de fiscais na POnte da Amizade, para deter a entrada de carne proveniente da Ciudad del Este. Edson Mezzomo, titular da pasta, diz que 40% da carne que se consome na cidade brasileira entra clandestinamente no vizinho, a partir da capital de Alto Paraná’ (estado paraguaio).

Em outra reportagem sobre o tema, o presidente da Comissão de Saúde Animal da Associação Rural do Paraguai, Fernando Serrati, diz ao ABC Color que a primeira providência que os produtores do vizinho estão tomando ‘é evitar que a doença entre no nosso país’.

Na seqüência, o jornal pergunta: ‘Como o senhor vê o Brasil com relação à aftosa?’

Ao que ele responde: ‘É um erro enorme das autoridades não querer ver a realidade. Creio que buscar responsáveis não ajuda. De nossa parte, o que temos de fazer é trabalhar. (…) A diferença entre o Brasil e o Paraguai é que nós, depois do foco de 2003, enfrentamos o problema – e por meio do setor privado. A partir daí, formamos as comissões de saúde animal, terceirizamos o acompanhamento da vacinação e de monitoramento. Para mim, é isso que o setor privado brasileiro tem de fazer: buscar soluções em conjunto com o setor público. O Brasil tem de mudar seu sistema de vacinação e criar um sistema de fiscalização como nós fizemos. (..) Se o produtor não se convencer que depende dele o aporte de recursos extras, o problema não será resolvido’.

Na vizinha Argentina, forte concorrente do Brasil no mercado exportador, o La Nación traz outro enfoque: a preocupação das autoridades econômicas com o preço da carne no mercado interno. Os empresários argentinos do setor prevêem que desequilíbrio entre a oferta ao mercado interno e o crescimento da demanda do mercado externo. ‘Ao recentes focos de aftosa detectados no Brasil mudaram todas as projeções’, diz a reportagem ‘Governo se preocupa com possível aumento da carne’. ‘Uma queda de 30% das vendas do Brasil, como calculam alguns analistas, incrementaria a pressão sobre os frigoríficos argentinos que atendem aos mesmos mercados dos brasileiros, como Rússia e Chile. Segundo as estimativas dos frigoríficos argentinos, o bloqueio do Chile à carne brasileira poder ampliar em 30% a compra de carnes argentinas, provocando impactos no mercado interno’.