Já não é mais necessário provar que, em 2003, quando era primeiro-secretário da Câmara, o deputado Severino Cavalcanti, atual presidente da Casa, recebeu mensalinho de 10 mil ou seja lá o que for, ilicitamente, de um dono de restaurante do Congresso.
O documento obtido pelos repórteres Alexandre Oltramari e Julia Duailibi, divulgado hoje no site da Veja, dispensa qualquer outra evidência para a imediata abertura de processo contra o Rei do Baixo Clero por ofensa ao decoro parlamentar. Contra ele e contra o seu cupincha que atende pelo nome de Gonzaga Patriota e tem um mandato pelo PSB (!) pernambucano.
Autenticado por um perito, o documento assinado por Severino em 4 de abril de 2002 prorroga a concessão que o empresário Sebastião Augusto Buani tinha conseguido em 1998 para manter no anexo IV da Câmara o seu restaurante Fiorella.
O papel vale tanto quanto uma nota de 4 reais. E os repórteres que o capturaram deixam claro que Severino sabia disso.
Se tiver uma gota de vergonha, Severino deve tomar o primeiro avião de volta de Nova York. Ele foi representar o Legislativo brasileiro em um evento da ONU. Nem o Legislativo brasileiro merece ser representado por um tipo capaz de passar um conto-do-vigário em concessionário de restaurante.
Deve também devolver a comenda da Ordem do Rio Branco que em má hora o Itamaraty lhe concedeu, semana passada.
E se a Justiça brasileira for capaz de fazer justiça nesse caso, Severino não se livrará da cadeia pelos crimes arrolados na reportagem que acabará removendo mais esse entulho político e moral da principal instituição parlamentar do país.
Pobre Lula: acabou de perder o seu último arrimo na cúpula da Câmara dos Deputados.
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