Na capa do caderno Aliás do Estadão de ontem, domingo, a chamada promete: “Uma voz contra o triunfo dos idiotas. Aos 97 anos, numa das fases mais criativas da carreira, Niemeyer ataca Bush, implode a marquise e encara a morte”.
Nada. A suposta entrevista é usada como desaguadouro de impressões de um entrevistador que parece encontrar notícia no envelhecimento alheio. O destaque interno denuncia a contrafação: “Niemeyer é um sujeito pequenininho. Já era assim. Mas a idade encurtou mais o Niemeyer, naquele estranho processo que diminui as pessoas e aumenta suas orelhas. A idade também engordou suas bochechas, de modo que ganhou a feição de don Corleone. É, grosso modo, a miniatura daquele Marlon Brando”.
O Estadão devia pedir desculpas aos leitores por publicar um texto tão grosseiro, que termina com o reconhecimento de sua própria falta de sentido. Um caderno sem nenhum anúncio é um convite ao desperdício de espaço.