Dados divulgados pela Confederação Nacional da Agricultura (CNA) mostram que
a crise do agronegócio brasileiro se aprofunda, o que leva para o fundo do poço
centenas de cidades do interior do país. Este ano, o buraco deve chegar a R$ 10
bilhões, segundo a estimativa da CNA, que indica uma queda de 1,91% do PIB do
agronegócio em relação ao ano anterior, de R$ 537 bilhões para R$ 527 bilhões.
Nos últimos dois anos, a queda de renda no campo ultrapassa os R$ 30
bilhões.
A crise, mais concentrada no setor de grãos (milho e soja) e na pecuária de
corte, tem efeito dominó. Derruba as vendas de insumos (fertilizantes,
agrotóxicos, máquinas e implementos agrícolas), provoca desemprego e deixa o
comércio das pequenas cidades do interior às moscas.
A sorte é que a crise não atinge todos os segmentos do setor. A
cana-de-açúcar está em franca expansão, por conta dos bons preços do açúcar e do
álcool no mercado internacional. Entre janeiro e julho deste ano, a produção de
álcool e açúcar respondeu por cerca de 95% das 76 mil vagas de trabalho criadas
na indústria paulista de transformação, segundo dados da Fiesp.
A tendência do setor sucroalcooleiro é animadora. No Brasil 89
novas usinas estão em construção em várias partes do país. Nos primeiros sete
meses deste ano, o Brasil embarcou US$ 3,5 bilhões em açúcar e álcool, 40% a
mais do que em igual período de 2005. Até o final do ano, as exportações do
setor podem chegar a US$ 7 bilhões.
Outra atividade que ganha cada vez mais espaço no país é a
florestal. Há 5,5 milhões de hectares plantados no país, a maioria com pinos e
eucaliptos. As exportações brasileiras de produtos florestais (madeira, papel,
celulose e outros) renderam US$ 7,5 bilhões ao país em 2005, segundo a Abraf
(Associação Brasileira de Produtores de Florestas Plantadas).
No Rio Grande do Sul, há três grandes projetos em implantação
(Votorantin, Stora Enzo e Aracruz), que devem colaborar para a recuperação
econômica do sul do Estado. Juntos, eles devem produzir em torno de 3 milhões de
toneladas de celulose branqueada de eucaliptos por ano, sendo a maior parte
destinada à exportação. Os maiores fabricantes de papel e celulose do mundo
anunciaram investimento de US$ 2,5 bilhões no país, que inclui não apenas
plantas como áreas de reflorestamento.