Assim como os defensores das condenáveis políticas israelenses costumam acusar os seus críticos de serem anti-semitas, para desqualificá-los, há quem reaja às atrocidades de Israel, como na repressão às revoltas nos territórios palestinos ocupados e na atual agressão ao Líbano, externando opiniões anti-semitas igualmente torpes.
Digo isso porque deixei de publicar alguns comentários às minhas notas neste blog sobre a catástrofe libanesa por terem os seus autores recorrido aos infames estereótipos e generalizações típicos de toda manifestação racista. Culpam ‘os judeus’ pelo novo ciclo de violências no Oriente Médio – em meio a gritantes erros factuais.
Mais ou menos como o fundamentalista cristão Mel Gibson que se pôs a despejar ofensas anti-semitas sobre o policial, supostamente judeu, que o prendeu quando, embriagado, dirigia a 160 km por hora, perto de Los Angeles. Os judeus, cuspiu Gibson, são culpados por todas as guerras.
As responsabilidades que cabem a Israel pelas matanças na região não podem ser ignoradas ou diminuidas por causa das matanças de judeus ao longo da história – nem mesmo pelo Holocausto. Vítimas de perseguições, em qualquer tempo e lugar, nem por isso gozam de imunidade moral para infligir sofrimentos a terceiros. No entanto, nenhuma população humana pode ser culpada coletivamente por tais atos.
No mínimo, isso é um insulto a todos quantos, em qualquer população, se opõem publicamente ao que perpetram outros de seus concidadãos, correligionários, ou membros da mesma etnia.
Sem esquecer, no caso, que o anti-semitismo real frequentemente serve de pretexto para justificar o injustificável de Israel.
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