Sobre a matéria da revista Época com os extratos de Francenildo dos Santos Costa, obtidos e vazados ilegalmente, o ombudsman da Folha, Marcelo Beraba, escreve hoje:
‘A revista estava com uma grande história e não deu atenção: os extratos foram obtidos através da violação criminosa do sigilo bancário do caseiro dentro da CEF, banco subordinado ao ministro Palocci. Este, por enquanto, o grande escândalo. A revista ignorou o crime e, mesmo diante da falta de provas contra Francenildo, decidiu expor publicamente sua vida familiar. Uma completa inversão de critérios jornalísticos.’
Oito dias atrás, você podia ler neste Verbo Solto:
‘Os repórteres da Época, Gustavo Krieger e Andrei Meirelles, que divulgaram o extrato, embora tenham ouvido o que o dono da conta teria a dizer a respeito, por intermédio do seu advogado, chegaram ao limite da responsabilidade ética do ofício.
Não tropeçaram no extrato na rua. E são suficientemente experientes para saber que o seu repassador era no mínimo cúmplice do crime de violação do sigilo bancário de quem teve a temeridade de contradizer o mais poderoso ministro do governo Lula.
Jornalisticamente falando, por fim, essa é a grande pergunta que não pode deixar de ser respondida: quem e por que quis passar para a opinião pública a suspeita de que Francenildo recebeu grana para colocar Palocci numa fria – e acabou colocando numa fria o governo Lula.’ [‘Época no limite da ética’]
E, naquele mesmo dia 18, no Observatório da Imprensa:
‘Os jornalistas da Época, Gustavo Krieger e Andrei Meirelles, fizeram quase tudo certo – menos o essencial.
Antes de colocar no site da revista o extrato a que tiveram acesso, para usar o eufemismo clássico nessas situações, não apenas ouviram o outro lado, no caso o advogado de Nildo, mas publicaram o que lhes foi explicado.
Só que a matéria verdadeiramente relevante não era essa, como ficou evidente horas depois de sua postagem, em nova coletiva concedida pelo ex-caseiro.
A matéria era a tentativa de desmoralizá-lo mediante, repita-se, um ato criminoso, cuja vítima, para provar que não havia sido corrompida por adversários do governo, acabou obrigada a tornar pública uma pungente história familiar de que ninguém precisava tomar conhecimento porque só interessa aos seus protagonistas.’ [‘Ética de dois pesos: o ministro, poupado; o caseiro, devassado’]
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