Monday, 25 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

As ligações do homem da 141


A mídia inteira deu com destaques os resultados da licitação para a escoha das agências de publicidade farão a propaganda institucional do governo e apresentou, por alto, o perfil das três agências vencedoras.


 


Mas só Globo foi mais fundo, graças ao repórter Gerson Camarotti. É dele a reportagem “Diretor da 141 era ligado a Pizzolato e Delúbio” transcrita em seguida. Saiu na quinta-feira, 31 de janeiro, e era para ter sido reproduzida aqui ontem também, não tivesse o site do Observatório da Imprensa ficado travado para reparos.


 


Antes tarde que nunca, lá vai:


 


“Novata no setor de contas do setor público, a 141 Brasil Comunicação contou com a experiência em Brasília do publicitário Mauro Motoryn para ser uma das três agências vencedoras da licitação da propaganda institucional do governo federal. Presidente da agência 141, Motoryn ganhou visibilidade na capital no primeiro governo Lula por ser amigo íntimo de dois ex-arrecadadores de campanha do PT: Henrique Pizzolato, que assumiu a direção de marketing do Banco do Brasil, e Ivan Guimarães, que assumiu a presidência do Banco Popular.


 


Os dois eram homens de confiança do ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, com quem ele também teve ligações. Recentemente, a 141 ganhou a conta do Ministério do Turismo. A pouca experiência em contas governamentais é compensada com o trânsito de Motoryn nos bastidores do poder.


 


Durante a CPI dos Correios, o sub-relator de licitação e contrato, o deputado José Eduardo Cardozo (PT-SP), pediu a convocação de Motoryn, que acabou escapando de prestar depoimento. Havia a suspeita de que ele havia colaborado indiretamente para o valerioduto.


 


Na ocasião, Motoryn era o diretor da agência Ogilvy em Brasília, e cuidava da conta do Banco do Brasil (BB). A CPI queria apurar o motivo de a Ogilvy ter aceito que a verba publicitária da Visanet, antes dividida entre as agências que prestavam serviço ao BB, passasse a ser concentrada numa única agência: a DNA. A mudança foi promovida na ocasião pelo então diretor de marketing, Henrique Pizzolato.


 


O detalhe que chamou atenção da CPI foi que o pagamento passou a ser feito antecipadamente pelo BB, antes da prestação do serviço. Segundo a CPI, a DNA atuou como intermediária de pagamentos da Visanet para as outras agências, inclusive a Ogilvy. À época, Cardozo concluiu que a DNA recebia antecipadamente, aplicava o dinheiro, retendo os ganhos financeiros, e pagava as outras agências após a prestação do serviço. A CPI queria apurar a relação de Motoryn com Delúbio.


 


— O requerimento para ouvir Motoryn foi feito porque havia suspeita de irregularidade nas contas de publicidade do Banco do Brasil, mas não evoluiu — explicou Cardozo.


 


No Banco do Brasil, Motoryn é lembrado por sua influência com a então cúpula do PT. Ao ser contratado para representar a Ogilvy em Brasília, a agência ganhou mais visibilidade na gestão de Pizzolato, que se afastou do cargo em julho de 2005, após ter recebido R$ 326 mil do valerioduto.Segundo fontes do BB, Motoryn era talentoso, mas seu prestígio interno era associado à ligação direta com Pizzolato e Guimarães.


 


A agência 141 Brasil está vinculada ao grupo internacional WPP. Com sete anos no mercado, tem 29 clientes privados. Só recentemente, com a presença de Motoryn, é que a agência passou a investir em contas governamentais. Depois da conta do Turismo, vai dividir agora a verba de cerca de R$ 150 milhões da Secretaria de Comunicação, a Secom. Em 2004, Motoryn era presidente da Calia Assumpção, empresa ligada ao Grupo Total, que produzia o programa de TV da CUT. Procurado pelo GLOBO, Motoryn preferiu não falar sobre sua relação com Delúbio, Pizzolato e Guimarães. A assessoria da 141 explicou que a agência só vai se pronunciar quando a licitação for finalizada.”