Os jornais do dia trazem coisas de enrubescer:
1.As fotos da ‘dança da pizza’, como a chamou o Estado, ou ‘dança da impunidade’ (Folha), ou ainda ‘samba da pizza’ (Globo), protagonizada pela deputada petista Angela Guadagnin, no plenário da Câmara, para festejar a absolvição do companheiro João Magno, cuja cassação foi pedida pelo Conselho de Ética por ter ele recebido R$ 426 mil do valerioduto.
2.A notícia de que o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf), subordinado ao Ministério da Fazenda, resolveu pedir à Polícia Federal que investigue ‘movimentações atípicas’ na devassada conta bancária de Francenildo Costa, o denunciante do ministro Palocci. O Coaf agiu com rapidez sem precedentes: no começo da noite de sexta-feira passada, o blog da revista Época divulgou os extratos vazados; na segunda, informa a Folha, ‘o Coaf analisou as informações, viu indícios de irregularidades e fez o relatório’. Tem mais: ainda segundo a Folha, ‘em 2004, as instituições financeiras do país fizeram [à Coaf] 85.152 comunicações de supostas práticas de crimes, mas só 453 casos (0,5%) foram informados pelo Coaf às autoridades.
3.A notícia do Estado de que, no assédio da imprensa a Francenildo, na Polícia Federal – que ontem o transformou de vítima em investigado –, um repórter chegou a lhe perguntar se não se envergonhava de receber dinheiro do suposto pai biológico. ‘Nildo encerrou a entrevista, entrou no carro do advogado e caiu no choro’, informa o jornal. Pena que não se saiba o nome do repórter que não se envergonhou de perguntar o que perguntou.
Vem a calhar, nesse clima, o texto que um leitor não identificado pela colunista Sonia Racy lhe enviou e ela publica hoje. O autor é o célebre pensador anarquista russo Mikhail Bakunin (1814-1876). Diz o seguinte:
‘Assim, sob qualquer ângulo que se esteja situado para considerar esta questão, chega-se ao mesmo resultado execrável: o governo da imensa maioria das massas populares se faz por uma minoria privilegiada. Esta minoria, porém, dizem os marxistas, compor-se-á de operários. Sim, com certeza, de antigos operários, mas que, tão logo se tornem governantes ou representantes do povo, cessarão de ser operários e pôr-se-ão a observar o mundo proletário de cima do Estado; não mais representarão o povo, mas a si mesmos e suas pretensões de governá-lo. Quem duvida disso não conhece a natureza humana.‘
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