A agência de noticias Associated Press disparou os primeiros tiros reais numa batalha por cifrões que até agora tinha se limitado ao terreno verbal. A centenária AP passará a embutir em todos os seus textos publicados na Web um código secreto que permite identificar quem usou o material sem pagar direitos autorais.
A decisão vai afetar milhares de sites e weblogs que reproduzem notícias da AP, mas o verdadeiro alvo é o Google que há anos vem sendo acusado pela agência de lucrar com material produzido por outras empresas.
O diretor da AP não deixou dúvidas sobre o objetivo estratégico da medida anunciada esta semana. “Se é possível criar uma indústria multibilionária para desenvolver mecanismos de busca, nós também podemos gastar milhões de dólares para proteger nosso material”, proclamou Tom Curley, o principal executivo da agência.
Com isto a agência espera faturar alguns milhares de dólares adicionais ao processar judicialmente publicações online e offline que reproduzem textos, fotos e vídeos da AP, fornecidos a clientes como grandes jornais, revistas e emissoras de TV.
A decisão já havia sido anunciada em abril, durante a reunião anual dos sócios da cooperativa de empresas jornalísticas que controla a Associated Press. Mas ela foi feita mais em tom de ameaça, mas agora foi apresentada como fato consumado, o que gerou de imediato uma apaixonada polêmica na internet.
O chamado DNA da notícia foi desenvolvido pelo Media Standards Trust , uma fundação inglesa, e tem como alvo principal os noticiários automáticos online, como o Google News, bem como os mecanismos de buscas na Web, que indexam e reproduzem o título e o lead das matérias publicadas por jornais com base em material da AP.
A decisão de iniciar uma guerra para proteger textos, fotos e vídeos distribuídos pela AP surpreendeu a muita gente porque se acreditava que a agência não estaria disposta a enfrentar uma complexa batalha judicial em torno da definição dos limites do direito de autoria na Web.
Trata-se de uma área jurídica nova ainda sujeita a muitas interpretações divergentes e que dificilmente será definida a curto prazo. Assim, caso a AP abra processos contra o mecanismo de buscas Google e outros similares, estes certamente reagirão e ao que tudo indica a agência não terá como aumentar rapidamente as suas combalidas receitas.