Ponto para a Folha por noticiar hoje o abaixo-assinado que corre pela internet, com mais de 120 assinaturas até ontem, protestando contra a demissão da socíóloga Heleieth Saffioti, 72 anos, da PUC de São Paulo, onde dava aulas na pós-graduação.
Decana do movimento feminista no Brasil, Heleieth foi uma das 447 vítimas do passaralho que dizimou o professorado da instituição. Parte delas foi cortada pela reitoria. Parte, pela Arquidiocese de São Paulo, que tem assento na fundação mantenedora da PUC. A professora Heleieth está nesse grupo.
Desde 1989 na PUC, Heleieth foi expelida, segundo o abaixo-assinado, por ser favorável à descriminalização do aborto.
Segundo o documento, por sinal assinado pela ex-reitora da universidade, Nadir Gouvêa Kfouri – cuja fé religiosa nunca a impediu de defender o direito à expressão, sem retaliações, de quem pensa diferente dela – a crise financeira invocada como motivo para as demissões está servindo de ‘pretexto para perseguição ideológica contra pensadores que divergem dos cânones da fé católica, numa investida que lembra o macarthismo, visando transformar a PUC-SP num cemitério de idéias’.
Fazendo a coisa certa, a Folha foi ouvir a Arquidiocese. O seu porta-voz nega a acusação. Diz que Heleieth ‘sempre defendeu coisas como essa [grifo meu] e nunca houve problema’.
Então tá. Se isso é verdade, até para não ser acusada de tendências inquisitoriais a Arquidiocese não deveria ter incluído a professora Heleieth entre os demitidos. Mesmo porque, à parte as suas idéias sobre coisas como aquela, trata-se de uma cientista social de primeiro time.
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