Usuários da internet estão se mobilizando nos Estados Unidos e na Europa em defesa da igualdade de oportunidades no acesso e uso da rede através do sistema de banda larga, também conhecido como ADSL. Trata-se do primeiro grande conflito político entre os usuários e as grandes empresas de tele-comunicações que defendem um modelo diferenciado de uso, onde as mensagens e pacotes de informações viajarão pela internet com velocidades diferentes. As telecoms e operadoras de TV a cabo desejam criar um sistema de pistas múltiplas na autoestrada da informação, oferecendo faixas de alta velocidade para clientes que pagarem mais enquanto os demais ficariam com as pistas mais lentas, aquelas onde circulam os caminhões, numa estrada de rodagem. A questão é complexa porque não está em questão apenas mais um pagamento, além da taxa que já pagamos para ter acesso ao sistema ADSL, comercializado entre nós por empresas de telecomunicações, como Brasil Telecom (BrTurbo) e Telefónica (Speedy). Também está em jogo um confronto que envolve alguns pesos pesados da internet, como os mecanismos de busca Google e Yahoo, bem como provedores de conteúdos informativos e as empresas de telefonia via Web. A campanha foi batizada nos Estados Unidos como o nome de Net Neutrality (neutralidade na internet) e já foi rotulada também de Primeira Emenda da rede, numa alusão à Primeira Emenda da Constituição norte-americana, que garante a liberdade de expressão. Os usuários foram os primeiros a sair a campo com campanhas de lobby sobre o congresso norte-americano, em especial sobre a Comissão Federal de Comunicações (FCC). Mas foram derrotados na primeira escaramuça, quando um comitê da Câmara de Representantes mantece, no dia 26 de abril, o poder das telecoms e operadoras de cabo cobrarem tarifas diferenciadas em função da velocidade de circulação das mensagens. Os usuários temem que a implantação definitiva das pistas de velocidade variável na banda larga acabe aumentando a exclusão digital e minando o espírito democrático e livre de controles que predomina na internet desde a sua criação, há pouco mais de 30 anos. As empresas de telecomunicações não engolem o fato de que o Google, Yahoo, Intel, eBay e só para citar os exemplos mais conhecidos, faturarem milhões de dólares usando a banda larga sem pagar nenhum tostão adicional. Por isto querem cobrar seu pedágio na valorizadissima autopista eletrônica, que se tornou ainda mais cobiçada depois da popularização da telefonia via internet, através de sistemas como o Skype, onde você não paga pelas ligações feitas entre computadores. Estamos prestes a assistir mais uma reedição do confronto entre o velho e o novo. As velhas telecoms tentando manter o seu controle sobre as comunicações numa era em que a inovação tecnológica está derrubando boa parte das estruturas convencionais. A decisão final sairá em maio no congresso americano e, qualquer que seja o resultado, ele acabará influenciando outros países do mundo, onde as telecoms também estão de olho na internet.
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