Os blogs jornalísticos podem ser uma fonte de renda, como provam alguns exemplos nacionais e internacionais mas a fórmula ainda está em fase beta de testes. Não há uma receita geral capaz de ser aplicada em todos os casos, mas pelo menos uma certeza já existe. A rentabilidade em blogs jornalísticos é um processo longo, como mostramn alguns casos de sucesso financeiro como o Blog do Noblat, aqui no Brasil, o Instapundit e Daily Kos, nos Estados Unidos. Dois deles foram criados por jornalistas profissionais e o terceiro, por um acadêmico mas cujo conteudo á basicamente informativo. Todos tiveram que ralar por pelo menos três anos antes de começar a receber as primeiras propostas de anúncios e banners. A longa espera pelo reconhecimento financeiro é uma consequência da mudança dos parâmetros de remuneração do trabalho intelectual, depois do início da revolução digital. Antes, o sistema mais comum era remunerar a capacidade de trabalho de um profissional. No caso do jornalismo, era a capacidade de buscar notícias, de editá-las e de publicá-las, ou seja executar bem as tarefas exigidas pela linha de produção de informações. A partir dos anos 80, o sistema mudou porque a automação e a eletrônica reduziram a importância da força de trabalho, ao mesmo tempo em que passou-se a valorizar o conhecimento. A miniaturização das redações em quase todos os jornais do mundo é uma consequência direta da desvalorização do trabalho físico. Os jornais passaram a preferir quem já tinha conhecimento ou visibilidade no mercado da informação. A mudança de paradigmas no jornalismo pegou os profissionais despreparados para enfrentar os desafios da era digital e da transformação da informação na matéria prima mais valorizada. A maioria dos repórteres e editores ainda vive a cultura do esforço físico materializado através de jargões como ‘gastar sola de sapato’, quando na realidade o mercado está pagando por capacidade intelectual e criatividade, só para citar as qualidades mais mencionadas pelos especialistas em Recursos Humanos. Os profissionais e os estudantes de jornalismo passaram a ter que assimilar estas novas exigências por conta própria porque são cada vez mais raras as empresas que pagam salários para que ele ganhe experiência e conhecimentos. Como os jornais não absorvem mais todos os jornalistas graduados em universidades, o trabalho autônomo passou a ser uma das opçôes preferidas tanto pelos recém formados como pelos atingidos pelo enxugamento das redações. Quem optar pelo trabalho independente, um blog por exemplo, terá que trabalhar durante um bom tempo sem nenhum tipo de remuneração, investindo no próprio futuro através do acúmulo de informações e de conhecimentos. É desestimulante, mas não há outra saída, porque a adaptação das empresas ao sistema de convergerência de meios de comunicação, em ambiente multimidia ainda vai demorar. No caso dos blogs jornalísticos o trabalho intelectual é o grande diferencial, porque o esforço físico foi minimizado pelos softwares customizados. O tipo de material publicado é que vai tornar o seu autor necessário, confiável e conhecido, os pré-requisitos necessários para valorizá-lo no mercado da informação digital. Para viabilizar a inserção autônoma no mercado de trabalho, o recém formado ou profissional experiente deve administrar seu tempo na produção do seu blog, mas reservar espaço para outros trabalhos que possam viabilizar o seu sustento econômico. Aos nossos leitores: Serão desconsiderados os comentários ofensivos, anônimos e os que contiverem endereços eletrônicos falsos.