Sunday, 24 de November de 2024 ISSN 1519-7670 - Ano 24 - nº 1315

Blogs: a nova arena eleitoral


A Comissão Eleitoral dos Estados Unidos concedeu, esta semana, aos blogs as mesmas garantias concedidas aos jornais no tratamento de informações políticas relacionadas à eleições em qualquer nível. Foi uma grande vitória dos blogueiros e o início de uma grande polêmica tanto lá como aqui no Brasil.


A decisão da FEC (Federal Electoral Commission ) garante a liberdade de opiniões na Web norte-americana durante campe abre um precendente mundial porque os Estados Unidos são considerados o país líder no uso da internet.


Se levarmos em conta que a Web não tem fronteiras, estamos a um passo da globalização ao nível dos eleitores e do início de um novo processo político, cujo alcance ainda é uma grande incógnita.


A principal consequência das garantias dadas aos blogs é a inevitável diversificação das fontes de informação dos eleitores. A multiplicação de blogs vinculados à candidatos, causas e partidos nos Estados Unidos sinaliza o surgimento de fenômenos similares noutros países.


A imprensa também sentirá os efeitos desta nova conjuntura na medida em que o público, basicamente o das classes A e B, terá a sua disposição uma gama maior de opções informativas graças à multiplicação de weblogs. Este é o segmento mais cortejado pelos marqueteiros politicos por sua influência na formação de opiniões.


Os políticos serão atraídos pelos blogs com maior visibilidade e credibilidade porque poderão chegar mais perto do público através de uma ferramenta que permite a interatividade entre eleitor e candidato, vantagem que não é oferecida por nenhum outro veculo.


Diversificação da oferta informativa através dos blogs, se por um lado aumenta as opções do eleitor, por outro cria um grande problema, o da credibilidade. Campanhas eleitorais são pródigas em boatos, rumores, notícias descontextualizadas e acusações sem fundamento.


Se já era complicado monitorar a veracidade das informações publicadas pela imprensa convencional, agora será ainda mais difícil fazer o mesmo com centenas de blogs pipocando por todos os lados.


Mas , no caso norte-americano, isto não desestimulou a procura de informações políticas personalizadas nos blogs. O que está acontecendo lá, e que provavelmente vai ocorrer também aqui, é que as pessoas estão gastando um tempo maior para escolher os seus bolgueiros de referência.


Como a oferta informativa tende a crescer, está surgindo também um novo comportamento entre os eleitores que se informam pela Web. Eles são obrigados a procurar contextualizar a notícia, identificando beneficiados, prejudicados, causas e consequências. É a leitura crítica da mídia ganhando dimensões de fenômeno de massa.


O comportamento dos políticos também deve mudar a medida em que eles descubram os blogs como ferramenta eleitoral. O acesso ao eleitor ficará muito mais fácil e quem trabalhar bem suas bases online poderá ter agradáveis surpresas na apuração, mas ficará também muito exposto aos seus desafetos.


Aqui no Brasil, o político que mais proveito tirou, até agora, do fenômeno blog foi o prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia, do PFL. Quando anunciou sua candidatura presidencial, Maia suspendeu a publicação do seu blog , mas sua experiência seguramente terá seguidores.


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