Assim como o time de Parreira na partida contra a Croácia, também os blogs criados pelos jornais brasileiros ficaram devendo aos seus leitores, em matéria de criatividade e agilidade. A maioria privilegiou a publicação de fotos e de notas pessoais, quase um diário dos enviados especiais à Alemanha. Nenhum problema quanto às fotos e abobrinhas pessoais, pois há lugar para tudo e todos na blogosfera. O problema é que faltou informação e quem procurou enfoques e análises pessoais ficou frustrado, pois predominaram os comentários sobre virtudes e defeitos dos trens, das desventuras no atendimento em restaurantes, fotos do quarto do hotel, fotos para os amigos no Brasil, e por ai vai. Ficou claro que a informação mais importante estava sendo desviada para as crônicas impressas ou comentários para a televisão. Os blogs dos jornais ficaram assim relegados a uma condição secundária, quase um penduricalho na cobertura geral, pelo menos no início da Copa. O Globo foi o jornal brasileiro que mais apostou nos blogs da Copa. Criou nada menos que nove blogs especiais, incluindo um blog específico para o time de 12 colunistas exclusivos, dois especiais para torcedores( um grupo de cinco aqui no Brasil e outro também de cinco lá na Alemanha). O empenho do jornal em atrair leitores usando os blogs foi tanto que o seu blogueiro político Jorge Bastos Moreno teve um acesso de estrelismo (veja o post Fim da Linha – Aqui jazz um blog ) e resolveu hibernar o seu site em protesto contra a importância dada aos seus colegas que na Alemanha. Folha e Estadão foram bem mais modestos. O jornal da família Frias colocou em destaque a página do editor de esportes Eduardo Vieria da Costa e o Blog da Soninha , que faz um dublé de vereadora do PT em São Paulo e colunista da Folha. Eduardo não publicou nenhuma análise mais detalhada do jogo contra a Croacia, até a manhã do dia 14/4 (dia seguinte da partida), preferindo reproduzir comentários de um taxista, notinhas sobre garçons e fotos de torcedores querendo comprar ingressos restaurantes. Já Sonia Francine Gaspar Marmo, a Soninha, arriscou mais opiniões mas não fugiu do estilo ‘meu diário’ quando falou de suas desventuras diante de um terminal público de internet, de onde queria postar um texto. O Estadão montou um blog coletivo, o Bate Pronto e destacou a participação de Daniel Piza, como cronista blogueiro . Ambos não fugiram a regra geral de privilegiar curiosidades e notas pessoais. Saindo na área dos jornais surgem dois casos especiais. O blog do Roberto Carlos criado pelo portal Terra e que tem poucas informações relevantes mas uma enxurrada de comentários de fãs do lateral esquerdo da seleção e do Real Madrid. Moraci Santana, da Comissão Técnica de Parreira é outro blogueiro contratado pelo Terra para brigar por audiência online. O perfil do blog é idêntico ao de Roberto Carlos: pouca informação e muito comentário, com uma diferença. A lentidão na atualização é muito maior. O Blog do Noblat não é necessariamente um site esportivo, mas acabou também contaminado pela euforia futebolística. Fez até uma camiseta amarela com a inscrição Blog do Noblat no peito para ser sorteada entre os acertadores de um bolão sobre resultados de jogos. É um caso raro de blog usando ferramentas de marketing convencional. Resumindo, os blogs da Copa ainda não conseguiram achar o seu nicho na cobertura do Mundial da Alemanha. O uso de jornalistas e cronistas consagrados não funcionou, pois o número de comentários é muito reduzido. No caso do Blog do Noblat fica clara a diferença de participação dos leitores quando o assunto é política. No dia 14, um comentário de Lúcia Hipolito obteve mais de 100 comentários enquanto as notas sobre a Copa não passavam de 10, na média. Conversa com os leitores
Farei um monitoramento dos blogs de jornais sobre a Copa da Alemanha até a partida final. O objetivo não é achar defeitos mas sim usar a experiência desenvolvida para propor uma discussão sobre estilo e estratégias de informação em matéria de blogs jornalísticos. Por enquanto estamos ainda muito impregnados pela cultura do jornal impresso e pelo empirismo.