A Folha, na sexta-feira passada, e o Estado, hoje, publicaram com destaque matérias sobre um “acordão” que estaria sendo costurado na Câmara, com a alegada participação de membros do próprio Conselho de Ética da casa.
O “pacto de impunidade”, como diz o editorial do Estadão, visa livrar da cassação um número indeterminado, mas não irrelevante, dos 11 deputados (5 do PT, 4 do PP, 1 do PL e 1 do PFL) cujos processos por quebra de decoro parlamentar ainda não foram relatados no Conselho, nem, por isso mesmo, enviados para votação em plenário.
O primeiro a pôr a boca no mundo contra o arreglo foi o relator da CPI dos Correios, o deputado pemedebista Osmar Serraglio, com base no que disse ter visto e ouvido nos corredores do Congresso.
Vai mais longe o deputado Orlando Fantazzi, do PSOL, relator do processo contra um dos quatro pepistas na marca do pênalti, Pedro Henry, dedurado nominalmente pelo então deputado Roberto Jefferson. “Estou praticamente convencido de que o acordão vai funcionar”, ele aparece dizendo no Estado de hoje.
O Estado cita também, sem identificar, não se sabe por que, um integrante da CPI para quem “só o constrangimento” será capaz de inviabilizar a manobra.
Se assim é, a imprensa precisaria dar um passo além. Trata-se de apurar preto no branco pelo menos um caso de deputados pedindo a outros que salvem a pele de um dos cassáveis.
A repórter Luciana Nunes Leal, do Estado, avançou nessa direção, expondo o argumento da tropa do deixa pra lá. Eles dizem a seus pares que, depois das cassações exemplares, as de Roberto Jefferson e José Dirceu, “está na hora de salvar os restantes”.
Agora o essencial é dar nomes aos bois – ou que outra alcunha mereçam esses incansáveis operadores da impunidade.
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