Lula exagerou ao chamar os usineiros de heróis nacionais e mundiais. Não existe santo,principalmente no mundo dos negócios. Mas a Folha desta quarta também forçou um pouco a barra ao juntar na mesma chamada de capa a exaltação do presidente aos ‘heróis do álcool’ e a notícia da autuacão, por más condições de trabalho, de uma usina de cana de Ibirarema, no interior de São Paulo.
Nem heróis, nem vilões. Toda a generalização é burra.
Tudo bem, a usina de Ibirarema, que deixava os trabalhadores sem água, banheiros e equipamentos de proteção, merece punição brava.
Na verdade, o trabalhador de cortador é que deveria ser extinto. Quem já viu a colheita da cana sabe que é um trabalho desumano. O trabalhador passa várias horas debaixo de um sol escaldante, manejando um facão pesado e perigoso para tentar cortar a maior quantidade de cana possível. Ganha por produtividade. Ninguém merece.
Pior: é um trabalho sem futuro. Para atender às leis ambientais, erradicando de vez a poluição causada pelas queimadas, boa parte das usinas está introduzindo a colheita mecanizada. Resultado: milhares de trabalhadores vão ficar sem emprego. As usinas dizem que estão reciclando a mão-de-obra, para absorver os cortadores de cana. Aí está uma boa pauta. Vale a pena conferir.