A insopitável vocação de jornalistas para a carreira policial encontra espaço hoje na reportagem de capa da Carta Capital, onde se intenta promover a (esperada) demolição da imagem do caseiro Francenildo Costa.
Há semanas que esse tipo de material espreita a opinião pública. Alguém imaginou que Francenildo iria passar incólume?
O editor da revista arranjou uma foto em que o olhar do caseiro parece ligeiramente suspicaz, quase velhaco. Coisa mais fácil do mundo, diga-se de passagem. Não existe ninguém que consiga ter apenas expressões faciais angelicais diante de dezenas de cliques de máquinas fotográficas disparados por minutos. Curioso é que na reportagem propriamente dita não haja nem uma só foto do caseiro. Talvez sintomático de que (ainda) não conseguiram descobrir nada de relevante para “provar” que ele está a serviço de uma conspiração da mídia com as elites safadas cujo objetivo é afastar do poder o presidente Lula. Estão rondando. Então, mostram as fotos de personagens “a latere”, encontrados durante essa ronda de otoridades.
Espreme daqui, espreme dali, não há nada de relevante na reportagem. Há suspeitas e insinuações. E um empenho militante em desmoralizar quem desmoralizou Palocci, a quem a revista, por sinal, meses atrás, pedia que deixasse o cargo, para parar de praticar sua política pró-rentistas e investidores estrangeiros.
Atenção, caro leitor: não estou dizendo que o caseiro é um santo. Nunca fui apresentado a um santo. Sempre me lembro de um tópico de Millôr Fernandes em que ele dizia que o homem mais vaidoso do mundo é o papa quando lava os pés de pobres na Páscoa. “Vejam como sou humilde”, seria a mensagem.
Repito: não estou dizendo que o caseiro é um santo.
Mas, para provar que a oposição maquinou a entrevista do caseiro ao Estado de S. Paulo, será preciso que se vá além do uso de verbos característicos de inquéritos policiais, como “alegar”, e de qualificações também características, como “história realmente esquisita”.
Mentor poderia ser julgado novamente?
O presidente da Câmara, Aldo Rebelo, criticou os deputados que exibiram seus votos durante a sessão em que foi absolvido o deputado José Mentor. Rebelo disse que o gesto tornaria a sessão passível de anulação se houver questionamento jurídico. Seria uma chance para a Câmara se corrigir nesse caso ou apenas uma iniciativa persecutória contra Mentor?