O prefeito Cesar Maia escreveu (ver Autocensura questionada, no programa 141) que o cineasta João Moreira Salles decidiu sonegar seu documentário Entreatos, sobre a campanha eleitoral de Lula em 2002. Moreira Salles respondeu que Maia, por intermédio da Prefeitura, antecipou com objetivos eleitoreiros o lançamento do filme Ônibus 174.
Hoje (25/11), em carta à Folha de S. Paulo, os produtores de Ônibus 174, José Padilha e Marcos Prado, rebatem Moreira Salles. “É verdade que a Riofilme investiu no Ônibus 174, assim como investiu em vários filmes da VideoFilmes, empresa do senhor Salles. Todavia, até onde sabemos, o senhor Salles jamais se referiu aos prefeitos do Rio de Janeiro como produtores de seus filmes. No nosso caso, achou por bem fazê-lo”.
Adiante:
“Cesar Maia jamais exigiu que Ônibus 174 fosse lançado em outubro de 2002. O filme estava programado para ser lançado depois do festival do Rio, que ocorreu em setembro. Todavia, logo após o festival, a Secretaria de Cultura do Rio nos informou que não se sentia à vontade para lançar o filme porque ele continha uma longa entrevista com o professor Luis Eduardo Soares, desafeto político do prefeito. Na ocasião, informamos ao secretário de Cultura que não mudaríamos o filme. Para crédito da Riofilme, ele foi lançado assim mesmo – embora mal lançado, isso é verdade. E, para constar, 174 não mostra uma única imagem do senhor Garotinho. Nos seus 150 minutos, o filme faz apenas quatro referências a ele, todas necessárias para contar a história de que trata. No afã de aparecer dando uma lição de moral ao prefeito, o senhor Salles mentiu e faltou com respeito a todos os cineastas que trabalharam em Ônibus 174.”