O ex-deputado federal Wagner Rubinelli faz críticas à cobertura do Congresso Nacional pela imprensa. Em janeiro de 2004, a Folha de S. Paulo publicou fotografia do plenário em que dois deputados apareciam dormindo. Rubinelli, que não era um deles, protestou. E protesta até hoje contra uma cobertura que considera enviesada, a favor do bizarro, do insólito.
Wagner Rubinelli foi vereador pelo PT ao longo de dez anos em Mauá, na Grande São Paulo. Em 2002, foi eleito segundo suplente da bancada do PT paulista à Câmara dos Deputados. Rubinelli teve 60 mil votos em Mauá e mais 25 mil na região. Com a ida de José Dirceu e Ricardo Berzoini para o ministério do presidente Lula, assumiu uma cadeira de deputado federal. Com a volta de Berzoini à Câmara, perdeu seu lugar. À luz dos escândalos do “mensalão”, Rubinelli trocou o PT pelo PPS.
Ele foi membro titular da Comissão de Constituição e Justiça e de três CPIs: a da Pirataria, a do Tráfico de Órgãos e a do Tráfico de Armas. Apresentou, entre outras, uma proposta de emenda constitucional que cria a Justiça Ambiental no Brasil.
Em entrevista ao Observatório da Imprensa, criticou a pouca atenção dada pela mídia a um aspecto da reforma política cogitada no Congresso, a criação de listas pré-ordenadas. Diz que procurou alertar jornalistas para o fato de que essa cláusula “iria perpetuar no poder grupos políticos, inclusive pessoas envolvidas em irregularidades. No PT, figurariam na cabeça da lista Genoíno, Dirceu, João Paulo, Berzoini”.
Para Rubinelli, a aprovação das listas fechadas de candidaturas eliminaria a hipótese de uma pessoa como ele, forte localmente, se eleger. “Seriam sempre os donos de partido ou quem pode comprar partido”. Ele acha que a mídia foi omissa na discussão desse efeito colateral da reforma política, que acabou não havendo.
O suplente de deputado diz que teve conduta impecável e, por isso, foi ignorado. Uma pesquisa nos arquivos da Folha de S. Paulo mostra que Rubinelli foi citado cinco vezes em 2003 (das quais quatro em notas do Painel), quatro vezes em 2004, das quais duas no episódio da fotografia dos deputados adormecidos, e três vezes em 2005, duas delas igualmente em notas de coluna.
“Se eu tivesse dado um tapa em algum deputado no plenário, aparecia na mídia. Posso fazer o projeto que for. Se for bom, não aparece. Se for ridículo, como o que o Aldo [Rebelo] fez, propondo a criação do Dia do Saci-Pererê, aparece”.
Rubinelli reconhece que a mídia é orientada pela curiosidade de seus destinatários, sempre interessados em bizarrices e fatos insólitos, mas pede mais atenção aos temas sérios. Ele acha que a mídia escolhe os integrantes do “alto clero” e, por exclusão, os outros vão para o ‘baixo clero’ e passam a ser ignorados.