Comentando as críticas do deputado João Paulo Cunha à imprensa, no discurso que antecedeu a sua absolvição no plenário da Câmara, na quarta-feira, a colunista Dora Kramer escreve hoje no Estado que o parlamentar de nada tem a se queixar – muito ao contrário.
O texto de Dora é da maior gravidade. Embora não cite nomes, acusa jornais e jornalistas de terem feito o jogo do parlamentar acusado de mensaleiro – e do ministro Palocci indiciado por violação de sigilo bancário.
Trechos:
‘João Paulo […] foi absolvido justamente por fatos apenas ligeiramente abordados pelos jornais e revistas, bastante condescendentes, aliás, quando sua excelência presidia a Câmara e reparos não impunha à atuação da imprensa; ao contrário, sempre se valeu de seus homens e mulheres de boa vontade para disseminar versões de seu interesse’
‘Boa parte, se não a maioria, da imprensa omitiu-se quanto à barbárie constitucional contida naquela tentativa de reeleição [dos presidentes da Câmara e do Senado], fracassada por apenas cinco votos. […] Foi dito, até, depois, que se tivesse sido ele reeleito o governo estaria salvo pois não teria havido o advento Severino.’
‘O tom de ironia aqui busca mascarar [?]a existência de desatinos, erros e até desvios de natureza ética na conduta de profissionais da comunicação. Em todo esse episódio Palocci, aliás, há vários e mais adiante deverão merecer abordagem específica.’
Que venha quanto antes o mais adiante e que seja muito mais específica do que a de hoje a abordagem prometida.
Porque, se não vier e se não for, Dora estará imitando, às avessas, o governo, o PT e os seus adeptos quando dizem que a grande imprensa, indistintamente, conspira com a oposição para destruir a presidência Lula.
E para que não a acusem de petismofobia e tucanofilia.
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