A imigração se alimenta das desigualdades entre os homens e os Estados. Não existiria como problema global se os ricos não fossem cada vez mais ricos, e os pobres cada vez mais pobres. A pobreza e a imigração existem por causa da injustiça social, atacada por resoluções que não se cumprem por descaso e corrupção de alguns e temor de perder os privilégios de outros. Sobre esse panorama, os direitos humanos e a luta por sua vigência erguem-se conjuntamente com a educação e a formação dos excluídos como as ferramentas mais válidas para mudar a realidade em um futuro imediato. A América Latina é hoje um exemplo de todos esses males e cenário de esforços profundos na procura por mudanças que melhorem as condições de vida, inclusive de setores sociais que, até a presente data, não só estiveram marginalizados como também ignorados nos momentos de grandes decisões políticas e econômicas de seus países.’
‘A universidade, com a privilegiada posição que lhe cabe como observadora da realidade que preocupa o pensamento e o sentimento humanos procura, neste Seminário, reunir experiências com a intenção de estudar, divulgar e promover os Direitos Humanos e o respeito por ele, com a convicção de que a liberdade de expressão é o primeiro passo na procura pela igualdade entre os homens.’
O enunciado acima traz o esboço do conteúdo central das palestras e debates que ocorrerão nos próximos dias 8, 9 e 10 de maio, na Universidad Autónoma de Madrid (UAM), durante o ‘3º Curso de Jornalismo Solidário’, cujo tema central será ‘Informação, Imprensa e Direitos Humanos a partir da Universidade’, patrocinado pela Escola de Jornalismo da UAM e pelo El País, o jornal mais respeitável da Espanha.
O jornalista-responsável por esse blog teve a honra de ser convidado para dois eventos do seminário. O primeiro será a conferência ‘Poder midiático e direitos humanos na América Latina’; o segundo, ao lado de jornalistas da Argentina, Uruguai, Peru, Colômbia e Cuba para o debate ‘Os meios de informação como poder político nas atuais democracias latino-americanas’.
Essa participação deve-se ao trabalho desempenhado pelo titular do blog, há mais de 20 anos, na Argentina, na cobertura e no apoio profissional e pessoal à questão dos desaparecidos políticos daquele país, e pela análise diária do noticiário dos jornais mais influentes do Brasil dos últimos 14 anos.
No Brasil, o que não deixa de ser um reflexo do abismo entre os interesses da coletividade e os da imprensa, a única referência a ‘jornalismo solidário’ encontrada no ‘Google’ foi um prêmio criado pelo Governo do Estado do Paraná para reportagens que apontam para os riscos do tabagismo.
Para facilitar a identificação, os próximos textos que tratarem do tema do curso na Espanha serão identificados com a rubrica ‘Seminário’.
Esse primeiro post sobre o evento tem três motivos: justificar o longo intervalo das últimas semanas entre as inserções do Contrapauta; anunciar a cobertura do seminário; e abrir esse espaço público para as impressões que os temas a serem debatidos despertam nos leitores do blog.
A intenção com essa abertura é apresentar, durante o seminário, se a amostragem o permitir, um painel sobre o que pensam e sentem os leitores brasileiros sobre ‘poder da mídia e democracia’ e ‘participação da imprensa na defesa e manutenção dos direitos humanos’.