Na entrevista de ontem ao Jornal da Record, o presidente Lula se queixou da mídia por supostamente não associar o nome do ex-ministro da Saúde e atual prefeito de Piracicaba, Barjas Negri, ao PSDB. ‘Agora’, comparou, ‘quando tem alguém do PT falam: é do PT.’
A queixa não procede.
Uma rápida consulta ao jornal brasileiro de maior circulação, a Folha, leva aos seguintes títulos: ‘Tucano diz que não participou de esquema’ (hoje). ‘Presidente da CPI vê prova contra tucano’ e ‘Empresário daria à Justiça papéis contra tucano’ (ontem). ‘PF vai investigar gestão tucana na pasta da Saúde’ (domingo). ‘Vereadores pró-Barjas evitam investigação’, encimando matéria que cita a filiação do prefeito ao PSDB na terceira linha (sábado). ‘Empresário ligado a tucano tentou falar com Vedoin no dia da venda do dossiê’ (sexta-feira). ‘Suposto operador venceu licitações de gestão do PSDB’, com o sub-título ‘Abel Pereira agiria na Saúde quando Negri, hoje prefeito de Piracicaba, era ministro’.
A propósito da Folha. Não parece se sustentar a alegação dos advogados do jornal, no Tribunal Superior Eleitoral, de que o pedido de direito de resposta do presidente Lula a um comentário do colunista Clóvis Rossi, na sexta-feira passada, intitulado ‘Como se faz uma quadrilha’ contenha a ‘intenção clara’ de ‘intimidar a imprensa por meio de processo judicial eleitoral’.
O presidente não questiona o exercício do direito de crítica. Mas, nas palavras do ministro Carlos Ayres Brito, do TSE, ‘o que estamos defendendo é o direito de resposta. Liberdade de imprensa não impede esse direito’. A petição do PT em favor de Lula foi aprovada por 5 votos a 1.
Mas tampouco se sustenta a demanda do presidente para responder na Rádio CBN aos ataques do adversário Geraldo Alckmin, em entrevista à emissora. Pela singela razão de que Lula foi entrevistado no dia seguinte, quando, observa a diretora de jornalismo da CBN, Marisa Tavares, ‘ele teve, então, toda oportunidade de reagir, criticar, esclarecer – e não o fez’.
Desabafo pessoal: não vejo a hora de chegar a eleição e torço para que termine no primeiro turno, não por causa do resultado que as pesquisas apontam, mas para sermos popuados da carnificina que inevitavelmente será a marca da disputa do segundo turno. Saudade do nível em que se mantiveram em 2002 o petista Lula e o seu rival tucano José Serra.
Em tempo: torço também para o presidente ir ao debate de hoje à noite na Globo. Como fez Serra anteontem.
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