O The New York Times avalia hoje (“A War in Mexico: Drug Runners Gun Down Journalists”) que o México se tornou, Iraque à parte, um dos lugares mais perigosos do mundo para o exercício do jornalismo.
Segundo o Comitê para a Proteção de Jornalistas, com sede em Nova York, pelo menos quatro jornalistas foram mortos e um desapareceu nos últimos seis anos em represália a reportagens sobre tráfico de drogas. No La Opinión, de Los Angeles, que cita a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), os números são piores: oito mortos entre 2004 e 2005. O jornal noticia protesto da imprensa mexicana após recente atentado cometido na segunda-feira (6/2) contra o jornal El Mañana, de Nuevo Laredo (“Prensa de México pide garantías para hacer su trabajo”).
O La Opinión noticia documento publicado hoje por dirigentes de 42 jornais mexicanos, entre eles Reforma, El Universal, Milenio, El Economista e Excélsior, no qual denunciam: “Não apenas o direito à vida é revogado, mas também o direito à expressão livre de idéias e o direito dos cidadãos à informação”.
O vice-diretor do Comitê para a Proteção de Jornalistas, Joel Simon, ouvido pelo NYT, disse que a situação “é comparável à da Colômbia em termos de auto-censura e nível de violência”.
O declínio de quadrilhas colombianas de traficantes deu mais espaço a quadrilhas mexicanas que exploram o lucrativo tráfico na fronteira com os Estados Unidos, onde está o grande mercado consumidor. Seis mil caminhões por dia passam a fronteira em Nuevo Laredo e só 50 ou 60 são revistados. As quantias envolvidas no tráfico são astronômicas e mobilizam para a guerra dois grandes cartéis, o de Sinaloa e o do Golfo (do México). Muitos policiais são corrompidos. Outros se encolhem.
O editor do El Mañana, Daniel Rosas, informou ao NYT que o jornal tinha parado de fazer reportagens sobre os cartéis de drogas desde que, em março de 2004, o editor anterior, Roberto Mora Garcia, crítico destacado da corrupção policial, foi assassinado a facadas. Até hoje ninguém foi preso por esse crime. Rosas disse que o ataque de segunda-feira contra o El Mañana não foi antecedido de qualquer aviso. “Pode ser que queiram fazer de nós um exemplo para controlar toda a imprensa”, declarou Rosas. “É a mesma coisa que terrorismo. É terrorismo”.
O procurador geral de Justiça do México, Daniel Cabeza de Vaca, disse ontem que um suspeito do ataque de segunda-feira já foi localizado. O editor da revista Zeta, de Tijuana, Jesús Blancornelas, disse que “o governo não investiga porque é cúmplice”.
Ver neste Observatório, sobre o ataque ao El Mañana, “Jornal é atacado com granadas e tiros”.