Atenção, senhores passageiros. Deu pane no noticiário.
Os jornais de hoje informam, como não podiam deixar de fazer, que o Conselho Nacional de Aviação Civil (Conac) definiu as novas rotas de e para Congonhas, todas em vôos ponto-a-ponto.
Serão onze, em vez de seis, como se antecipou. “Redução menor que a prevista”, assinalou a Folha no título da matéria.
O número de pousos e decolagens no até agora o maior aeroporto sul-americano diminuirá de 712 para 561. [Ontem, com o remanejamento de vôos para Cumbica e os cancelamentos, foram 196.]
Mas o que significa realmente esse corte para a redução das chances de acidentes ali?
Os jornais lembram que, antes da catástrofe que hoje completa duas semanas, o movimento de passageiros/ano em Congonhas era de 18,5 milhões – ou 6,5 milhões a mais do que os engenheiros chamam a capacidade instalada do terminal.
Embora a informação já tenha saído pencas de vezes na mídia desde a tragédia, vale neste caso a regra de que o excesso é melhor do que a escassez.
Mas nenhuma palavra sobre o principal.
Incomparavelmente mais importante do que a relação capacidade / usuários de um aeroporto é saber se, no caso de Congonhas, 561 vôos diários, em média, representam, ou não, um problema de segurança. Com 712, problema havia – e os profissionais do ramo não precisaram esperar o desastre do Airbus da TAM para saber disso.
Em suma: qual o ponto crítico? Acima de quantos pousos e decolagens por dia, hora ou minuto um campo de aviação como Congonhas se torna em algum grau inseguro?
Com essa resposta – que os jornais tinham a obrigação de buscar ontem mesmo junto aos aeroviários e outros conhecedores do assunto – o leitor teria meios de avaliar a decisão do Conac.
“Ainda não é possível saber qual será o impacto das medidas anunciadas ontem”, eximiu-se a Folha.
Ora, tenham a santa paciência. ‘Não é possível saber’ ou o jornal não tratou de apurar?
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