Monday, 06 de January de 2025 ISSN 1519-7670 - Ano 25 - nº 1319

E agora, o jornalismo estilo ‘lavoura de notícias’

É o que a empresa norte-americana American Online  (AOL) pretende fazer na sua página na Web dedicada ao jornalismo. O modelo que está sendo vendido aos anunciantes como a “redação do futuro” e se baseia em três itens todos eles automáticos: identificação dos assuntos que podem interessar ao leitor; seleção de free lancers e escolha de prováveis anunciantes.


 


Do ponto de vista cibernético, o projeto parece um achado porque usa robôs eletrônicos para varrer o YouTube, Twitter, comunidades virtuais e outros sites não divulgados para detectar tendências informativas entre os internautas. Depois de identificadas as preferências por meio de softwares analíticos, o sistema compara os dados obtidos com o perfil de jornalistas free lancers, cadastrados no site a AOL.


 


O computador seleciona alguns nomes de profissionais ao mesmo tempo em que faz uma pesquisa na Web com palavras chaves recolhendo material de apoio para a reportagem ou artigo. Tudo isto paralelamente a uma varrida nos perfis de possíveis anunciantes para que o material possa ser publicado já com os custos pagos pela publicidade.


 


Parece a maravilha do jornalismo estilo biônico executado pelo que alguns críticos norte-americanos já chamam de mediaborgs, numa alusão aos cyborgs, organismos metade Leitura eletronica de jornais pelo sistema Eyetrackhumano metade eletrônicos, famosos em filmes protagonizados pelo atual governador de Califórnia, Arnold Schwarzenegger.


 


Os tecnófilos estão maravilhados com o jornalismo estilo “lavoura de notícias”, como foi classificado pela crítica da mídia Patrícia Handschiegel . A American Online diz já ter recebido inscrições de cerca de 200 jornalistas, que em sua maioria perderam os empregos nos últimos dois anos. Mas o resto da imprensa norte-americana tem sido extremamente mordaz em relação do cyberjornalismo da AOL, cujos responsáveis são chamados de “coveiros da informação qualificada”.


 


O projeto está atraindo muitos profissionais desempregados porque oferece um sistema de remuneração baseado em percentuais na publicidade recebida pela reportagem ou artigo.


 


A invasão do jornalismo por soluções tecnológicas é um processo irreversível porque está apoiado no interesse das empresas de reduzir gastos e aumentar receitas com publicidade. A AOL esteve à beira da falência durante vários meses no ano passado e o seu site de notícias continua sob a ameaça de fechamento, por falta de anunciantes.


 

Neste contexto, a preocupação com a qualidade da informação passa a depender cada vez mais dos jornalistas. São eles que poderão dar uma nova dimensão à sua atividade na era digital. As empresas, agora mais do que nunca, procuram a lucratividade. Não adianta esperar delas preocupações humanísticas porque o esforço para sobreviver está consumindo todas as suas energias.